“Mais do que andar, importa estar. Sentir. Contemplar. Basta parar e olhar. Cada uma destas imagens, captadas em distintos pontos do globo, representa a síntese de um momento de contemplação”.
Aconteceu hoje na Galeria História e Arte pelas 17h30 a inauguração da exposição “A Razão de Estar – Paisagens em fotografia”. São 15 fotografias a que António Sá acrescentou palavras que pretendem ajudar-nos a chegar o mais perto possível, sem ter de sair do lugar. “Falo do bailado inquieto da luz na vastidão da estepe, das texturas que se definem e se apagam na areia do deserto, do calor tropical e do vento do ártico, do grasnar agitado no meio dos caniços ou dos diferentes silêncios da tundra”, revela o autor, sobre os diferentes pontos do globo onde teve o privilégio de fotografar.
Entrevistado pelo Diário de Trás-so-Montes em pleno dia de estreia, já que é a primeira vez que expõe na Galeria História e Arte, o artista por detrás da objetiva descreve o seu trabalho que estará patente até ao dia 30 de junho: “esta exposição é uma coleção de fotografias de paisagens feitas em períodos diferentes, desde 89 até ao ano passado, e quando a Emília Nogueiro me convidou eu procurei pensar num tema em que houvesse alguma coerência e comecei a encontrar paisagens que se tocam, ou pelo isolamento, ou pelo silêncio que inspiram”.
Locais objeto da lente de António Sá tão distintos e distantes como a Namíbia, Islândia, Espanha, Portugal, Marrocos, entre outros, mostrados numa interpretação contemplativa de 15 fotografias que, sem dúvida, captaram a atenção das dezenas de pessoas que visitaram a exposição em dia de inauguração.
Se tivesse de destacar duas imagens, António Sá, “pelo lado estético, pictórico e gráfico”, escolheria uma foto tirada em Zamora onde é possível observar uns patos em voo sobre uma laguna. “Pelo lado afetivo, por ser um momento particularmente importante para mim, escolheria uma fotografia tirada quando tinha 17 ou 18 anos entre Estarreja e Aveiro e que corresponde ao primeiro sítio onde começou a fotografar com uma máquina mais avançada”, contou o protagonista do momento artístico que se viveu hoje ao final da tarde no centro histórico da cidade de Bragança.
Responsável pela Galeria História e Arte, Emília Nogueiro lançou o desafio a António Sá, precisamente por não ter quaisquer dúvidas quanto às capacidades do fotógrafo que decidiu acolher no seu espaço. “Ele é plural nos olhares e isso é algo que nos encanta. Tecnicamente tem todo um percurso consolidado, que nós também valorizamos e é, de fato, um autor muito experimentado, trabalha muito e isso é sempre louvável”, enfatizou a anfitriã.
Na opinião da máxima responsável pela galeria, o olhar do artista compromete-se com o território, sendo “um excelente ilustrador desses paraísos que se estão a perder”.
Sobre o autor:
António Sá iniciou a atividade de repórter independente em junho de 1995.
Desde então, tem produzido inúmeras reportagens – texto e fotografia – quase sempre associadas à temática das viagens, do turismo e do lazer, publicadas nos principais títulos de Portugal e de Espanha ligados a este setor. Alguns exemplos são a edição portuguesa daNational Geographic e o jornal Público, em Portugal, ou as revistas Viajes National Geographic,Altair e Rutas del Mundo, em Espanha.
Paralelamente, tem desenvolvido ações como formador, organizando workshops e photo-tours em ambos países ibéricos. As iniciativas ao nível da formação em fotografia têm sido também realizadas em parceria com outras entidades, como é o caso da Fundação de Serralves, ou solicitadas por estabelecimentos de ensino, como o Instituto Politécnico do Porto, onde durante dois anos foi orientador da disciplina Projeto Fotográfico do curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual.
Em 2009 e 2010, na qualidade de repórter profissional, conduziu várias viagens fotográficas para a agência portuguesa Nomad, tendo como destino a Islândia e Marrocos.
António Sá tem também estado envolvido em projetos de maior envergadura, fazendo a captação fotográfica para exposições, livros, vídeo-projeções e sites, entre muitos outros suportes. Destes, destacam-se o documentário “Portugal: um outro olhar” do National Geographic Channel (uma viagem fotográfica pelos sítios Património da Humanidade em Portugal), onde foi protagonista e autor da exposição que esteve patente no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa; o projeto Douro/Duero (património da Humanidade na bacia hidrográfica do Douro) para a Fundação Rei Afonso Henriques, com a produção de duas exposições itinerantes; ou a candidatura à UNESCO da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica, para o ZASNET – Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial.
O seu percurso como fotógrafo profissional tem sido reconhecido e utilizado como exemplo por empresas ligadas à imagem, nomeadamente a EPSON, Nokia e FNAC.
Desde 2010, e por opção, António Sá vive com a mulher e os seus dois filhos numa pequena aldeia do concelho de Bragança, na área do Parque natural de Montesinho.