Os agrupamentos escolares vão ser cada vez mais uma realidade. A afirmação é do director regional de educação do Norte, Lino Ferreira, que, no discurso proferido na cerimónia de abertura do centenário da Escola Secundária Fernão de Magalhães, em Chaves, confirmou que esta será uma aposta \"revolucionária\" do Governo.

\"Não podemos manter abertas as escolas do 1º ciclo em todas as aldeias, tal como foram criadas há muitos anos, porque este nível de ensino baseia-se na socialização do aluno e ninguém se socializa sozinho\", justificou Lino Ferreira. \"Mas também não podemos encerrar escolas e transportar os alunos para outros locais só para ter escolas com mais crianças\", acrescentou o director. Por isso, a solução apresentada pelo Governo foi a criação de \"unidades de gestão que tivessem um projecto educativo comum\", ou seja, os agrupamentos de escolas. \"Isto não por questões financeiras, mas de organização\", explicou Lino Ferreira. E o mesmo se passa com as escolas secundárias. Só na zona Norte são 5812. Por isso, \"é completamente impossível acompanhar a situação individual de cada uma\".

Ainda relativamente a este nível de escolaridade, Lino Ferreira criticou a listagem das melhores e das piores escolas publicada nos jornais, que, no seu entender, \"nada dizem\". Para este director, \"a escola deve ser avaliada não pelos resultados obtidos nos exames finais mas pela sua capacidade de servir a comunidade que envolve, pelo seu percurso e objectivos\", ou então, criticou, \"estaremos a produzir alunos, como numa fábrica, para irem para Lisboa, para o Porto ou para o estrangeiro e também a condenar a região à desertificação\".

Outra ideia defendida por Lino Ferreira é que \"as escolas não podem funcionar apenas dentro das suas paredes e não são meros locais onde os pais matriculam os filhos para lhes dar um futuro melhor\". \"A comunidade tem que se envolver com a escola, participar, definindo o que faz falta para o seu desenvolvimento\", salientou.

Quanto à nova Lei de financiamento das escolas, o director regional de educação do Norte assegurou que haverá uma \"discriminação positiva\", em função da qualidade de ensino. \"A escola terá que ser capaz de criar novos projectos, novos desafios, além do seu normal funcionamento\", defendeu Lino Ferreira, acrescentando que \"não haverá prémios, mas investimento\".

Liceu comemora centenário

Abriram oficialmente, na passada sexta-feira, as comemorações do centenário da Escola Secundária Fernão de Magalhães. Até ao dia 6 de Outubro, serão várias as iniciativas programadas para assinalar a data, nomeadamente a realização de uma exposição, um memorial fotográfico, uma verbena no Jardim Público, a edição de uma medalha - que conta com a colaboração do pintor Nadir Afonso - e de uma revista alusivas à efeméride e a representação de uma peça teatral, dedicada aos antigos alunos. O próximo ano lectivo irá iniciar-se, em Setembro, com uma conferência sobre Fernão de Magalhães, que deu o nome à escola.

Na cerimónia, que contou com a presença de docentes, antigos alunos, membros da associação de pais, do presidente da Câmara de Chaves, entre outras entidades da região, o presidente da associação de estudantes referiu, entre outras coisas, que \"dos costumeiros problemas da escola, não é altura para falar, mas uma sala de convívio para os alunos vinha mesmo a calhar\".



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