O Parque Natural de Montesinho (PNM) suspendeu este ano a caça ao veado por considerar incorrecta esta prática quando o Estado ainda não pagou aos agricultores os prejuízos causados por este animal.
\\"Não era correcto ter começado com a caça ao veado com o pagamento de rendas e dos prejuízos em atraso\\", afirmou à Lusa o director do PNM, João Herdeiro, director do Parque Natural de Montesinho (PNM).
A direcção desta área protegida gere, junto com a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, a Zona Nacional de Caça da Lombada, em Bragança, onde, nos últimos quatro anos, ocorre a caça ao veado por aproximação.
As entidades gestoras só têm permitido o abate de três peças por época e este ano ainda chegaram a incluir esta espécie nos editais para a exploração da zona de caça nacional. Cada caçador pagaria 750 euros de taxa para esta caçada, o que resultaria numa fonte de rendimento para o proprietário da zona de caça, que é o Estado.
Associações contestam
A decisão do PNM é contestada por algumas associações locais de caçadores com o fundamento de que o dinheiro da caça ao veado permitiria amortizar a dívida em atraso aos agricultores, que ronda os 25 mil euros.
O director do parque discorda desta argumentação por considerar que não seria correcto avançar com esta actividade sem liquidar os pagamentos em atraso relativos às rendas dos terrenos afectos à zona de caça e aos prejuízos causados aos agricultores pelos veados.
Segundo João Herdeiro, estes pagamentos deviam ter sido efectuados em Maio ou Junho, mas os \\"procedimentos administrativos não correram dentro dos prazos\\".
O director do parque explicou à Lusa que estes procedimentos têm a ver com despachos de documentos, dotação financeira e autorizações de pagamento, e atribuiu os atrasos às mudanças políticas no país e às dificuldades causadas pela burocracia de uma gestão partilhada por duas entidades públicas.