A intervenção dos portugueses na vida política francesa tem vindo a aumentar, mas é preciso mais. Presente na sessão de abertura do I Encontro Mundial de lusodescendentes para autarquias francesas, que reuniu em Paris 200 participantes, o Primeiro Ministro português congratulou-se pelo maior envolvimento da comunidade lusa, mas considerou que a sua participação “continua a estar ainda aquém da capacidade de intervenção que muito justamente se encontra ao seu alcance”.

Embora a intervenção dos portugueses e lusodescendentes na política francesa tenha vindo a crescer, ainda está aquém das suas capacidades, referiu o Primeiro Ministro português na sessão de abertura do I Encontro dos Lusodescendentes Eleitos para as Autarquias Francesas, que decorreu no último fim de semana de Novembro em Paris.
A intervenção da comunidade portuguesa na política francesa tem crescido, passando de 8000 inscritos nas eleições de 1994 para 57500 em 2001. Contudo, a participação, afirmou José Manuel Durão Barroso aos congressistas, “continua a estar ainda aquém da capacidade de intervenção que muito justamente se encontra ao seu alcance”.
Apesar de saudar o maior envolvimento dos portugueses, o Governo de Lisboa considera que os actuais níveis ainda não correspondem ao peso da comunidade, o maior núcleo de estrangeiros em França.

O I Encontro dos Lusodescendentes Eleitos para as Autarquias Francesas reuniu cerca de 200 portugueses e lusodescendentes eleitos para os municípios franceses, entre os quais se conta um presidente de Câmara e cerca de 20 vereadores.

No encontro, o Primeiro Ministro Durão Barroso exortou a comunidade portuguesa em França a aumentar a sua participação na vida política local para servir como “traço de união entre os dois países”. “A primeira fase em que os portugueses estavam quase exclusivamente no seu trabalho foi substituída por uma outra em que mantêm as qualidades de trabalho, é certo, mas querem também intervir na vida política dos países de acolhimento”, considerou.

Durão Barroso sublinhou que “quanto mais integrada (a comunidade) estiver em França melhor pode ser um traço de união entre a França e Portugal”. Participar, prosseguiu, “poderá contribuir para influenciar decisões junto do Governo francês e do Governo português, que influenciarão decisivamente em muitos aspectos, nomeadamente nos cuidados de saúde”.

Também presente no I Encontro dos Portugueses e Lusodescendentes autarcas em França, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas reconheceu na comunidade portuguesa residente no estrangeiro um “valor estratégico” e um “potencial” que pode “ajudar a desenvolver o país”, pelo que elegeu como uma missão nacional a aproximação das instituições portuguesas às comunidades.

A necessidade de aproximar os portugueses residentes em território português e as comunidades portuguesas no estrangeiro foi a tónica da mensagem de José Cesário aos congressistas. Cesário salientou a necessidade de “aproximar os 10 milhões de portugueses de Portugal Continental, Açores e Madeira e os 5,5 milhões de portugueses que vivem fora”, e voltou a afirmar que “a realidade das comunidades é pouco conhecida em Portugal”.

O secretário de Estado das Comunidades saudou os autarcas franceses de origem portuguesa presentes na sala e o seu papel de intervenção a favor das comunidades lusas, considerando o facto de existirem cerca de 200 eleitos uma “realidade extraordinária”.

“É preciso assumir plenamente a dupla nacionalidade” e “fomentar a participação” política, referiu também José Cesário, acrescentando que essa é uma forma de “estreitar relações e tornar mais visíveis a comunidade”.

Entre as medidas a desenvolver, frisou o papel do Conselho das Comunidades Portuguesas, cuja eleição a 30 de Março de 2003 pretende aumentar a mobilização deste órgão na intervenção junto das autoridades portuguesas.
Valorizou ainda o papel dos lusodescendentes, que quer integrar numa série de encontros a organizar pela secretaria de Estado das Comunidades. Interveio também a favor de um melhor serviço da RTP Internacional e defendeu a criação de “redes de contactos” entre as comunidades e Portugal.

Presente neste encontro esteve também a ministra delegada para os Assuntos Europeus francesa. Noelle Lenoir salientou as vantagens da cidadania europeia e do poder de intervenção obtido após ter sido dado o direito de voto nas eleições locais e europeias aos nacionais de países membros da União Europeia em França.

“O comboio da participação política não vai parar nas eleições locais, mas não sejamos apressados”, declarou, a propósito de um eventual reforço dos direitos políticos dos estrangeiros nos seus países de acolhimento.

Lenoir falou ainda no respeito de culturas na Europa, mas também num “patriotismo europeu” onde os franceses e portugueses possam descobrir e receber as respectivas culturas.

A sua intervenção foi, no entanto, marcada por um lapso, quando, depois de citar Fernando Pessoa e José Saramago, Lenoir se dirigiu à audiência como “vocês, os espanhóis”, o que levantou de imediato um coro de protestos :“Nós não somos espanhóis”. Concluindo com um pedido de desculpas, a ministra francesa saudou o trabalho feito pelos membros activos das comunidades, desejando que essa intervenção beneficie igualmente a França e a Europa.

No I Encontro dos Portugueses e Lusodescendentes autarcas em França participaram 200 eleitos de origem lusa, um número que o Governo português pretende aumentar.



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