Os pastores do Planalto Mirandês mostram-se otimistas para o período de verão porque perspetivam reservas de água para assegurar a manutenção das explorações e mitigar os efeitos da seca que se sentiu nos últimos dois anos.

“Perspetivamos um ano bom ano pecuário para a região do Planalto Mirandês, porque as reservas hídricas estão no seu pleno o que leva ao crescimento das pastagem e perspetivas de boas colheitas de forragens para a alimentação animal, disse hoje à Lusa a secretária técnica da Associação de Criadores de Raça Churra Mirandesa, Andreia Cortinhas

De acordo com a técnica, os pastores do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, nos últimos dois anos tiveram de fazer muitas contas à vida e muitos pensaram em desistir da atividade, devido aos períodos de seca extrema e também à escalada dos preços dos fatores de produção, associados à guerra na Ucrânia.

“Foram dois anos de muita carência devido à seca e da guerra e que teve repercussões drásticas ao nível dos fatores de produção como rações, forragens, combustíveis, nitratos e adubos, onde os preços triplicaram e os agricultores ficaram descapitalizados”, explicou a técnica.

Por outro lado, Andrea Cortinhas refere que já há água a mais na terra e terá de parar de chover para os produtores fazerem a arranjos das terras e das sementeiras.


“As terras estão muito encharcadas de água e os agricultores querem fazer a sua lavoura e muitas vezes não o conseguem. São efeitos das alterações climáticas que vivemos", explicou.

A perspetiva de produção de alimento é boa, pensado mesmo os agricultores em fazer armazenamento para eventuais situações de seca que possam acontecer fruto das alterações climáticas.

Mesmo com as condições favoráveis para evitar grandes encargos com os fatores de produção como em tempo de seca, o preço do borrego não vai baixar por se tratar de uma carne com Denominação de Origem Protegida (DOP).

“Trata-se de uma carne DOP e por esse motivo terá de ter um valor acima do de mercado”, disse a técnica.

Tiago Sanches das Gama, um produtor de Miranda do Douro com cerca de 350 adultos a que juntam 80 cordeiros, disse que as charcas e outros pontos de armazenamento estão cheios.

“Mas, como se diz, 'água vai e vem', e por isso é necessário fazer armazenamento de água em tempos de recuperação, após um longo período de carência, bem como de alimento”, indicou o produtor pecuário.

Os ovinos de raça churra mirandesa têm um efetivo de mais de seis mil machos e fêmeas, repartidos por 75 produtores do Planalto Mirandês que abrange os concelho de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso.

Texto Lusa, Fotos António Pereira



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