Faz hoje seis anos que o Alto Douro Vinhateiro recebeu a classificação de Património da Humanidade, atribuída pela UNESCO. Daí para cá muito se tem debatido sobre o futuro da região e muitas têm sido as expectativas que não chegaram a concretizar-se.
As comemorações oficiais decorrem, este ano, na cidade de Lamego, onde várias individualidades vão debater problemas e potencialidades da região, desta vez sob o lema \"Património Mundial - Esboçar o Futuro\". Um futuro que se pretende catalisador de mais-valias, com base na atracção de um maior número de turistas. Ricardo Magalhães, o chefe de projecto da Estrutura de Missão da Região Demarcada do Douro (ver entrevista página 34), fala numa \"meta ambiciosa\" que deverá atingir uma média anual de 500 mil dormidas em 2013\". Tal significa a duplicação do s números actuais que não chegam às 250 mil dormidas por ano.
Francisco Lopes, presidente da Câmara Municipal de Lamego, não tem dúvidas, que \"a classificação trouxe muito pouco à região, face às suas potencialidades. Ou seja, os benefícios que conseguimos retirar desse galardão são mínimos\" , e dá exemplos \"Não utilizamos o símbolo do Douro Património Mundial, não temos uma sinalização profusa na região. Temos várias unidades hoteleiras planeadas há anos, que teimam em não sair do papel, porque há constantes entraves\". O autarca recorda que \"o Douro não corre o risco de se transformar num Algarve - esse argumento está a impedir-nos de conseguir os investimentos necessários - os nossos turistas valem 1% do todo nacional. Isso é insignificante. Os visitantes passam cá um só noite. Temos que inverter isso rapidamente\", acrescenta.
Também o presidente da Região de Turismo da Serra do Marão, Armando Miro, considera que \"na região, ainda não fomos capazes de fazer o que devemos, porque a própria consciência do grande valor patrimonial do Douro ainda não está enraizada quer nas instituições quer na população\". Aquele responsável recorda que \"a sinalização ainda é muito descurada, continua a haver lixeiras, estradas mal cuidadas, bermas mais arranjadas, e se é certo que não se têm praticado grandes atentados ao património natural e edificado nos últimos anos, também é certo que ainda não fomos capazes de corrigir alguns atentados\".
Património Douro-Duero
O dia em que se comemoram seis anos do galardão da UNESCO vai ser aproveitado para o lançamento oficial das bases da futura \"Rota do Património Mundial Douro-Duero\", que se estenderá do Porto até Salamanca, passando, então, pela cidade de Guimarães, o Alto Douro Vinhateiro e o Vale do CÎa. O plano de acção, que poderá abranger outros centros históricos situados na bacia do rio Douro, em Espanha, e também eles considerados Património da Humanidade pela UNESCO, como os de Ávila e Segóvia, a Catedral de Burgos e até o jazigo de Atapuerca ou a paisagem cultural de Las Medulas. O principal objectivo é contribuir para a afirmação aos níveis económico, social e cultural de toda a região, a começar por projectos de animação turística. O plano de acção da Rota do Património Mundial deverá estar concluído até Junho de 2008, e até lá deverão ser desenvolvidos vários trabalhos de caracterização de diagnóstico, estando também prevista a criação de uma comissão de acompanhamento.
O evento conta com a participação do secretário de Estado do Ordenamento do Território e Cidades, João Ferrão, presidente da Fundação Rei D. Afonso Henriques, Arlindo Cunha e do presidente da UNESCO Portugal, Fernando Guimarães, entre outros.