O presidente da câmara de Miranda do Douro defende que o prolongamento do IC5 até Espanha, com ligação a Zamora, aproximará o Douro Superior do centro da Europa através da rede ferroviária espanhola de alta velocidade. E fez uma viagem da sua terra até Barcelona para provar que assim é.

No contexto transfronteiriço, os municípios do eixo do IC5 (entre Murça e Miranda do Douro) reclamam uma ligação com Espanha via Sayago, em direção a Zamora, para uma maior proximidade com os comboios de alta velocidade que chegam àquela cidade, estando mesmo a ser preparado um documento reivindicativo para entregar ao Governo português.

Para provar as vantagens de tal solução, o presidente da câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes de Miranda, levou a cabo uma viagem em que tomou o pequeno-almoço em Miranda do Douro, apanhou o comboio de alta velocidade em Zamora, passou por Madrid, almoçou em Barcelona e jantou de novo na sua terra natal, viajando sempre na rede de Alta Velocidade Espanhola (AVE). A agência Lusa acompanhou o autarca na viagem até Barcelona, a uma distância de pouco mais de cinco horas utilizando a rede AVE.

"Esta proximidade com o centro da Península Ibérica, através da linha da rede AVE, dá-nos um potencial promocional do nosso turismo e da nossa economia, através de uma porta de entrada na Europa que é Miranda do Douro", frisou o autarca do município que fica atualmente a cerca de uma hora de Zamora.

"A existência de uma estação de alta velocidade ferroviária na cidade de Zamora confere-nos uma maior proximidade a grandes cidades da Península ibéricas, tais como Madrid ou Barcelona", explicou.

Olhando para o mapa da rede AVE, o autarca português não duvida que a estação ferroviária de Zamora, a cerca de 56 quilómetros de Miranda do Douro, é a que está mais próxima do território português e a partir dela uma viagem até Madrid leva cerca uma hora e meia.

Acompanhado pela Lusa, o autarca saiu de Zamora às 08.50, tendo chegado à estação ferroviária de Chamartín, em Madrid, às 10:20 (hora espanhola).

Daqui, fez uma curta viagem de táxi com cerca de 10 minutos até à estação de Atocha, também em Madrid, de onde o comboio AVE saiu em direção a Barcelona às 11:30, tendo chegado à cidade catalã às 14:40, num percurso em que foi possível atingir velocidades na ordem dos 300 quilómetros por hora.

O bilhete em classe económica ficou por 69.60 euros por passageiro e por viagem.

"Nós estamos a cerca de cinco horas de viagem de automóvel de Lisboa. Fazemos o mesmo tempo até Barcelona, o que nos leva a concluir que o IC5 pode ser uma via estruturante no contexto do interior ibérico", observou o autarca Artur Nunes.

Para Manuel Gonzalez, um dos passageiros do comboio AVE que fazia a ligação Madrid - Zamora - Santiago de Compostela, esta ligação é muito boa tanto para portugueses como espanhóis para as deslocações a Madrid.

"Contudo, acho que os preços por viagem poderiam ser mais baixos", frisou o passageiro.

Por seu lado, a passageira Cármen Alvarez, disse que é defensora dos comboios tradicionais que faziam uma ligação de proximidade, mas admitiu que a alta velocidade serve bem para ligar as grandes cidades como Madrid ou Barcelona.

A 21 de fevereiro os municípios do sul do distrito de Bragança anunciaram pretenderem aproveitar as potencialidades rodoviárias do IC5 para a promoção turística do território e o escoamento dos produtos locais no mercado ibérico.

A presidente da câmara de Alfândega da Fé, concelho do sul do distrito de Bragança, disse então à Lusa que o IC5 chegou tarde e ainda não estão a ser aproveitadas todas as potencialidades desta via, algo que só acontecerá com a sua ligação a território espanhol.

"Os municípios do eixo IC5 terão de saber aproveitar a alta velocidade ferroviária que já está próxima da fronteira portuguesa, a pouca mais de 40 minutos de Miranda do Douro", enfatizou.

A criação de uma rede rodoviária de transportes de passageiros e de mercadorias entre os municípios raianos do Douro Internacional é outras das pretensões, uma trabalho que junta entidades portuguesas e espanholas.



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