«O Ministério das Finanças aceita que paguemos a dívida da Casa do Douro com vinhos», revelou o presidente da instituição, Manuel António Santos, com base numa carta daquele Ministério recebida na última sexta-feira.
Em causa estão dívidas que rondam os 100 milhões de euros, avalizadas pelo Governo. Sem fontes de receitas que garantam ao organismo duriense a liquidez necessária para pagar o que deve, Manuel António Santos não vê outra saída senão pagar com vinhos. Reafirma, de resto, que \"o stock supera claramente o valor da dívida\".
O dirigente salienta que na missiva, que lhe chegou às mãos na última sexta-feira, está expresso que o Ministério das Finanças acolhe a proposta aprovada por unanimidade pelo Conselho de Vitivinicultores da Casa do Douro, em Novembro do ano passado, faltando definir os moldes em que o processo se vai desenrolar.
\"Espero que a negociação dê bons resultados\", observa Manuel António Santos, enquanto reafirma que os próximos tempos têm de ser de \"clarificação\". \"A Casa do Douro não pode continuar na situação em que viveu até agora e parece-me que o Governo está na mesma onda, o que muito nos satisfaz\", acrescenta.
Para já, a forma mais provável de viabilizar a operação poderá passar por transferir vinhos da Casa do Douro para a posse do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.
Esta vontade de Manuel António Santos de querer a Casa do Douro a viver de \"cara levantada\" surge associada a uma outra: \"Clarificar de uma vez por todas o seu estatuto\". Associação pública ou privada? \"Se for pública tem de ter funções desse âmbito e receitas, se for privada temos de discutir qual vai ser o futuro\", precisa. Para o efeito, foi elaborada uma petição que poderá ser apresentada, ainda esta semana, na Assembleia da República e que foi assinada por quatro mil agricultores.
Porém, a petição não será debatida antes das eleições da Casa do Douro marcadas para 1 de Fevereiro. Manuel António Santos já tem listas para o Conselho de Vitivinicultores em 16 de 17 municípios da Região Demarcada do Douro. Explica que em Freixo de Espada à Cinta há uma lista única liderada pelo presidente da Adega Cooperativa e que se apresenta como independente.
Nos restantes municípios, \"os candidatos afectos à Lista A comprometeram-se a votar nos nomes que eu vier a apresentar para os órgãos sociais\", garantiu.