Na vila turística do Pinhão, Alijó, anseia-se pelo regresso dos visitantes e prepara-se a reabertura gradual, após o confinamento, de hotéis, quintas de enoturismo e restaurantes, enquanto os barcos de passeios no rio aguardam indicações para zarpar.
À vila, localizada junto ao rio Douro e em pleno coração do Património Mundial da UNESCO, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real, chegaram em 2019 cerca de um milhão de turistas, de barco, comboio ou carro. Este é também um importante centro económico da região, onde se localizam muitas quintas produtoras de vinho.
Se não fosse a pandemia de covid-19, neste período de Páscoa o Pinhão poderia estar já a ser procurado por muitos visitantes.
No entanto, a presidente da Junta de Freguesia, Sandra Moutinho, descreve uma localidade “praticamente parada” onde, neste momento, “não se vê quase ninguém”.
A autarca mostrou-se preocupada e apontou o receio de alguns estabelecimentos fecharem de vez, referindo que isso já aconteceu com dois.
Anseia, por isso, pela retoma e referiu estar a preparar uma campanha de promoção para atrair visitantes, a partir de maio. “Têm sido meses muito, muito fracos”, salientou.
No âmbito desta fase de desconfinamento, está marcada para segunda-feira a reabertura do The Vintage House Hotel, uma unidade hoteleira de cinco estrelas que praticamente toca o rio e já tem reservas para a próxima semana e fim de semana.
Nesta pausa, o hotel aproveitou para fazer obras de renovação dos jardins e zona da piscina, alargando o espaço de utilização, para “maior conforto, distanciamento e segurança”.
De acordo com informações dadas à Lusa, na terça-feira reabre a esplanada do bar e restaurante da unidade hoteleira e os clientes que pretenderem também podem fazer as refeições no quarto, que dispõe de varanda e de vista sobre o rio e as vinhas.
Fonte do grupo Fladgate Partnership disse que o centro de visitas da Quinta da Roêda abre no dia 08 de abril, ficando, até ao fim do mês, a funcionar de quinta a domingo com serviços de visitas e provas.
Na Quinta do Bomfim, propriedade da Symington Family Estates, prepara-se a retoma, que poderá acontecer a 19 de abril ou 03 de maio.
A reabertura será feita nos moldes do ano passado, com visitas guiadas com prova. Nesta propriedade, o restaurante da Casa dos Ecos deverá abrir em junho e, no verão, será disponibilizado serviço de piqueniques.
No cais do Pinhão, junto aos barcos atracados, Vânia Ramos, da Companhia Turística do Douro, disse estar à espera de instruções para retomar a atividade e os passeios fluviais.
Poderão ser introduzidas nova regras relativamente à lotação das embarcações que, no ano passado, desceu para dois terços. Agora fala-se em 25% da ocupação.
“O nosso barco de maior lotação tem 60 lugares e poderia sair com 15 pessoas, ou seja, não nos vai compensar”, apontou.
A empresa está preparada para retomar mal seja dada a “ordem de zarpar”, mas, segundo Vânia Ramos, “também são precisos clientes”.
“Julho e agosto foram meses bons e a partir daí foi sempre a decair o trabalho e, desde janeiro, que estamos completamente parados. Setembro, por causa das vindimas, era o nosso melhor mês e foi dos piores”, referiu.
O Douro foi um dos destinos escolhidos pelos portugueses no período de férias de 2020.
Com cinco barcos, a empresa faz viagens regulares, em passeios de uma e duas horas. Neste momento, tem os 15 funcionários em “lay-off’.
“Este ano estamos todos um bocadinho derrotados, mas acredito que, aos poucos, vamos voltar a ter visitantes como já tivemos. Mas, este ano a expectativa é muito baixa”, afirmou.
E continuou: “é uma tristeza olharmos para estas ruas e não vermos ninguém. O turismo não existe e o Pinhão vive essencialmente do turismo”.
Anselmo Santos tem o táxi parado em frente à estação do Pinhão. No dia em que falou com a Lusa disse não ter tido nenhum cliente. “Só saí daqui para ir almoçar”, referiu.
Os visitantes, principalmente os que chegavam ao Pinhão de comboio, representavam a maior parte dos seus clientes, que guiava pelos miradouros e levava às quintas e provas de vinhos, e segundo recordou, “até havia dificuldade de circular pelos passeios com a quantidade de gente que aqui havia”.
“No verão deu para mexer um bocadinho, mas não foi nada de especial”, disse.
Em janeiro, quando foi decretado o novo confinamento, o café Veigas manteve-se a funcionar devido aos jogos e à venda de pão. Apesar da, agora, já permitida venda ao postigo o negócio, segundo Carlos Pereira, “está fraco”.
“Pela Páscoa já tínhamos muita mais gente, turistas, e, neste momento, nada. Temos apenas os nossos clientes diários”, referiu.