As dificuldades enfrentadas pelos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá, há meio século, foram quinta-feira recordadas no quarto dia do 17º Ciclo de Cultura Açoriana, que decorre em Toronto, no Canadá.

Tibério Rocha, um dos pioneiros, recordou que em Portugal, antes de emigrar, não era agricultor, mas como "era isso que queriam", teve de "arranjar calos" na Ribeira Grande, antes de viajar para o Canadá, onde se dedicou à cultura da beterraba em Alberta.

Outro dos intervenientes no debate, António Melo, que emigrou em 1956, contou também que teve de inventar outra profissão, a do campo, porque a trabalhar em garagens "nunca mais vinha".

Já viajou de avião, mas recorda que, quando chegou, e face às temperaturas que encontrou, desde logo criticou o que considerou então uma "terra maldita, com tanto frio".

Na abertura, José Carlos Teixeira, professor da Universidade de Toronto, que moderou o debate, abordou na sua palestra o tema central do ciclo "Açores - A Globalização de um Povo", para tentar explicar o que foi e é a participação dos açorianos no Mundo.

Luís Manuel Vieira de Andrade, professor da Universidade dos Açores e representante do Governo Regional no âmbito do acordo de cooperação e defesa entre Portugal e Estados Unidos, debruçou-se sobre outro tema de plena actualidade, "Os Açores na actual conjuntura internacional".

O docente insistiu na ideia de que "Portugal tem de analisar com muito cuidado as suas relações com os Estados Unidos", até por tudo levar a crer que aquele país continuará a utilizar a base das Lajes.

Para o conferencista, "são ainda os arquipélagos dos Açores e da Madeira que dão algum poder geo-estratégico a Portugal", pelo que deveria realizar-se "um debate alargado para saber qual a estratégia a adoptar no Mundo em que vivemos".

A concluir, interrogou-se sobre se "os Açores serão a guarda avançada dos Estados Unidos ou a guarda avançada da Europa".



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