A Polícia Judiciária (PJ) disse hoje que o casal detido, na cidade de Vila Real, é suspeito de explorar um homem de 36 anos que vivia em “condições quase desumanas” num pequeno atrelado e tomava banho num tanque.
António Trogano, coordenador de investigação criminal da PJ de Vila Real, esclareceu que foi uma denúncia anónima que alertou esta polícia para o caso que culminou com a detenção, na terça-feira, de um casal de feirantes, de 46 e 50 anos.
“Chocou as condições degradantes, quase desumanas, em que este indivíduo vivia e de alguma ausência da comunidade em prestar-lhe algum apoio, mais não seja, denunciando às autoridades estas circunstâncias”, afirmou o responsável em conferência de imprensa.
De acordo com o António Trogano, a “vítima vivia em condições deploráveis”, mesmo “quase desumanas”.
“Vivia num reboque, num atrelado, e fazia a sua higiene pessoal num tanque existente nas proximidades desse reboque e era sujeito a um modo de vida muito precário”, frisou.
O pequeno atrelado, tapado com uma lona, estava localizado num bairro da cidade de Vila Real.
Os dois arguidos estão, segundo a PJ, “fortemente indiciados” pela prática do crime de tráfico de pessoas, ou seja, são suspeitos de explorar o homem de 36 anos, aproveitando-se do “défice cognitivo” de que padece e "ficando com o rendimento do seu trabalho".
A vítima trabalhava na agricultura, nomeadamente nas vindimas, poda ou apanha da castanha.
“Os arguidos contratavam diretamente com os empregadores e recebiam o salário que era devido à vítima. Isto ocorreu durante cerca de dois anos”, frisou.
Não há qualquer relação familiar entre os arguidos e o homem que é natural de Celorico de Basto.
Após a detenção do casal, segundo o coordenador da PJ, a vítima foi conduzida para junto do seu agregado familiar.
“Que nós saibamos, não estava referenciado, nem era acompanhado por ninguém. Estava entregue ao arguidos que o exploravam e obtinham os rendimentos do seu trabalho”, referiu António Trogano.
Depois de ouvidos no Tribunal Judicial de Vila Real, os arguidos ficaram sujeitos à medida de coação de apresentações bissemanais às autoridades.