O diretor da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, garantiu hoje o empenhamento na descoberta dos envolvidos no caso que levou à morte de um estudante cabo-verdiano, em Bragança.

Em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de abertura do Ano Judicial, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, Luís Neves referiu que a PJ está a investigar este crime “há muito poucos dias”.

O diretor garantiu que “a PJ está fortemente empenhada em descobrir os autores das agressões”.

Já foram identificados e interrogados vários indivíduos que terão estado envolvidos nas agressões ao aluno cabo-verdiano Luís Giovani, segundo o JN, enquanto prossegue a investigação forense e se fazem exames complementares no âmbito da autópsia, a PJ já terá identificado a maioria dos cerca de 15 homens que terão participado na discussão num bar em Bragança.

 

O jovem de 21 anos Giovani Rodrigues morreu a 31 de dezembro no Hospital de Santo António, no Porto, para onde foi transferido de Bragança, onde na madrugada de 21 de dezembro foi encontrado caído na rua depois de uma rixa num bar que envolveu um amigo do grupo com quem saiu naquela noite.

O jornal Público revela hoje que a PJ aponta para “um motivo fútil” e afasta a tese de ódio racial associada à morte do estudante cabo-verdiano, nomeadamente nas redes sociais.

O diário indica também que “a autópsia foi inconclusiva, não esclarecendo se a morte foi provocada pela agressão ou pela queda” na rua, onde o jovem foi encontrado inanimado.

O caso chegou às autoridades de Bragança como um possível alcoolizado caído na rua sem menção a agressões ou ferimentos, como contou hoje à Lusa o segundo comandante dos bombeiros de Bragança, Carlos Martins.

Só depois de chegar ao local e avaliar a vítima é que a equipa de emergência descobriu um ferimento na cabeça e “verificou que se tratava de um possível traumatismo craniano”, indicou.

De acordo com o responsável, a possibilidade de o ferimento ter resultado de agressão foi levantada já depois de a vítima ter sido conduzida ao hospital de Bragança e transferida para outra unidade hospitalar, no Porto, onde morreu na madrugada de 31 de dezembro.

Os bombeiros foram acionados pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), via 112, e a primeira entidade a chegar ao local da ocorrência foi a PSP de Bragança, com quem a Lusa tentou falar, sem sucesso até ao momento.

Os bombeiros desconhecem quem fez a chamada e se o jovem cabo-verdiano estava sozinho quando foi encontrado caído, confirmando apenas que foi a única vítima que avaliaram e transportaram para o hospital.

O alerta chegou aos bombeiros por volta das 04:00 do dia 21 de dezembro como “intoxicação”, a classificação técnica da emergência médica para casos que podem envolver várias situações, nomeadamente substâncias que vão de venenos a estupefacientes ou álcool.

O jovem estava caído na Avenida Sá Carneiro, junto a uma loja (a W52), mais de meio quilómetro e alguns minutos a pé do bar Lagoa Azul, onde terá estado com um grupo de amigos e onde terá começado uma desavença apontada como a origem da agressão.

No sábado, o bar Lagoa Azul publicou nas redes sociais um esclarecimento a confirmar que na madrugada do dia 21 de dezembro, “por razões desconhecidas, dois clientes envolveram-se em confrontos no bar”.

“Nenhum dos envolvidos neste confronto era o Luís Giovani Rodrigues”, refere, lamentando a morte do jovem. Soube-se mais tarde que um dos envolvidos fazia parte do grupo com quem o estudante cabo-verdiano tinha saído.

Um primo da vítima contou ao jornal “Contacto” que a desavença terá começado por um dos amigos de Luís Giovani ter tocado numa rapariga e o namorado não ter gostado.

Segundo o mesmo, quando o grupo de Giovani saiu do bar era aguardado por vários elementos “com cintos, paus e ferros” que terão agredido o elemento envolvido na desavença com a rapariga.

O mesmo relato indica que Giovani terá intervindo para parar a contenda e foi atingido com “uma paulada na cabeça”, o que terá feito o grupo dispersar.

Por esclarecer continua o que aconteceu entre o bar e o local onde o jovem foi encontrado inanimado na rua.

 

Bispo de Bragança associa-se a marcha por estudante cabo-verdiano

O bispo de Bragança-Miranda, José Cordeiro, divulgou hoje que vai associar-se à marcha solidária silenciosa marcada para sábado em Bragança em homenagem ao estudante cabo-verdiano que morreu no dia 31 de dezembro.

A intervenção do prelado foi anunciada num comunicado, em que a Diocese de Bragança-Miranda “lamenta profundamente a morte trágica do jovem Luís Giovani Rodrigues, aluno da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela e residente em Bragança”.

Nota da Dioceses Bragança-Miranda

"D. José Cordeiro vai associar-se à Marcha Solidária silenciosa que se irá realizar no sábado nas ruas de Bragança

A Diocese de Bragança-Miranda lamenta profundamente a morte trágica do jovem Luís Giovani Rodrigues, aluno da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela e residente em Bragança. 

Ontem, Domingo da Epifania do Senhor, D. José Cordeiro presidiu à Eucaristia, na Catedral, na qual rezou pelo jovem escuteiro e organista na Paróquia dos Mosteiros, Ilha do Fogo, Diocese de Santiago em Cabo Verde. Na união de orações com a família, com o Instituto Politécnico e com as comunidades diocesanas, fez-se um apelo à justiça e à paz na defesa da dignidade integral da pessoa humana, condenando todo o tipo de violência. 

Hoje mesmo, o Bispo Diocesano presidiu à Eucaristia de 7.º Dia, no santuário de Nossa Senhora das Graças e na igreja de S. João Batista, em Bragança.

No próximo sábado, 11 de janeiro, D. José Cordeiro vai associar-se à Marcha Solidária silenciosa que sairá às 15.00h do Instituto Politécnico de Bragança, percorrendo as artérias da cidade de Bragança, culminando com a celebração da Eucaristia, às 17h00, na Catedral. "

 

MNE português telefonou a homólogo de Cabo Verde a manifestar pesar pela morte de estudante

O  ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português telefonou hoje ao homólogo de Cabo Verrde e ao embaixador deste país em Lisboa para apresentar "um voto de pesar e de repulsa" pela morte do estudante cabo-verdiano em Bragança.

De acordo com uma nota publicada na página da Embaixada de Cabo Verde em Portugal na rede social Facebook, Augusto Santos Silva “telefonou ao seu homólogo cabo-verdiano, Luís Filipe Tavares, e ao embaixador de Cabo Verde em Portugal, para apresentar o seu voto de pesar e de repulsa pelo ato bárbaro praticado e que conduziu à morte do jovem estudante cabo-verdiano”.

 

 



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