O primeiro-ministro reiterou hoje que é preciso fazer uma avaliação profunda sobre o combate, o sistema de emergência e Proteção Civil e a sua gestão, reforçando o esforço grande na investigação às causas dos incêndios.
“Vamos fazer uma avaliação profunda sobre tudo aquilo que foi o combate, o sistema de emergência e Proteção Civil e a sua gestão”, afirmou Luís Montenegro, que fez questão de deixar uma palavra de respeito aos que estiveram no terreno a protagonizar a luta, muitas vezes absolutamente injusta, contra incêndios galopantes, como foi o caso de Vila Pouca de Aguiar.
O chefe do Governo e o Presidente da República sobrevoaram hoje de helicóptero a área ardida no concelho do distrito de Vila Real e deslocaram-se, depois, em autocarro até à aldeia de Zimão, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, onde ouviram as histórias de quem perdeu bens para as chamas.
À pergunta o que falhou no combate aos incêndios, Luís Montenegro respondeu que o Governo vai “fazer uma avaliação rigorosa”, repetindo o anúncio feito depois de um conselho de ministros presidido pelo Presidente da República.
O primeiro-ministro lembrou que houve “muitas ocorrências ao mesmo tempo em muitos pontos do território”.
“Nós tivemos que definir prioridades e foram definidas tendo por principal objetivo, em primeiro lugar, defender a vida das pessoas, em segundo lugar defender o património das pessoas e, por isso, é que mesmo aqui nesta aldeia, tirando a infelicidade das duas casas que arderam, é notória a preocupação que houve de garantir aqui que as casas eram salvaguardadas”, frisou.
Tal como em outros concelhos afetados, também a presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias, se queixou na falta de meios terrestres e aéreos para combater os quatro fogos que deflagram no dia 16, em pontos distintos, e queimaram cerca de 10 mil hectares até serem dados como extintos no da 19 de setembro.
Luís Montenegro disse ter falado na altura com a autarca, recusou tirar conclusões precipitadas sobre o que se passou no terreno e salientou que o país não tem “um avião para estar em cada freguesia”.
“Não atirem essas atoardas para o ar, pode ter havido falhas, eu não estou a dizer que não, pode ter havido falhas e pode ter havido mão criminosa. Nós vamos tentar perceber tudo, o que falhou, se falhou, na estrutura de combate, nas decisões que foram tomadas, e vamos tentar perceber o alcance daquilo que falhou antes, para não voltarmos a ter isso repetido”, frisou.
E continuou: “Agora, temos que fazer isto com sentido de responsabilidade por um lado e com sentido de lucidez e bom senso”.
Sobre a investigação às causas dos incêndios, o chefe do Governo recordou ter dito que “foi muito estranho haver 125 ignições numa noite”.
“E o que eu disse é que o Governo e o país têm a obrigação moral de saber tudo aquilo que pode estar por trás disso e mantenho. Eu vou fazer, como primeiro-ministro, um esforço grande para que haja investigações que levam à deteção e condenação de todos os responsáveis pelo incêndios, se eles acontecerem”, sublinhou.
Acrescentou: - “Se dizer isto ofende assim tanta gente, olhe eu vou-lhe dizer uma coisa a mim tranquiliza-me o espírito e a alma. Chego a casa à noite e durmo mais descansado se o meu Governo estiver a combater o crime, seja ele qual for”.
Neste périplo pela áreas ardidas, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro estão acompanhados pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, da Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e do secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Ribeiro.