A proposta inicial do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho não vai permitir a instalação de um parque eólico na serra que empresta o nome àquela área protegida.
A conclusão do documento é aguardada com expectativa pelas empresas ligadas às energias renováveis, mas o Jornal NORDESTE sabe que a colocação de aerogeradores não é aceite na proposta técnica do Plano de Ordenamento, que deverá ser conhecida em Março deste ano, segundo previsão do Instituto de Conservação da Natureza.
Sendo assim, às empresas que estão de olho em Montesinho resta aguardar pelos resultados da Comissão Técnica de Avaliação ou pela discussão pública do Plano de Ordenamento, mecanismos que poderão inverter as regras do jogo. Em último caso, o aproveitamento do vento pode ser viabilizado por decisão governamental, já que o documento carece de aprovação em Conselho de Ministros.
Recorde-se que a produção de energia eólica em zonas protegidas não é um caso inédito em Portugal. Prova disso é a instalação de vários de aerogeradores no Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros.
No que respeita à serra de Montesinho, o local tem vindo a ser estudado desde a década de 90, atendendo às condições naturais para o aproveitamento do vento. No entanto, mas, antes de montar as torres, há que aguardar pelos resultados da discussão pública do Plano de Ordenamento e de um Estudo de Impacte Ambiental.
Espanha tira partido de centenas de aerogeradores colocados na serra de La Culebra, que faz fronteira com Montesinho
Ao que o Jornal NORDESTE apurou, existem vários grupos interessados em obter a concessão da área de Montesinho, cujo potencial pode atingir os 300 MW.
Na mira das empresas estão alguns estudos que o Instituto de Energia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), ligado à Universidade do Porto, tem vindo a efectuar na região, desde 1999 .
Recorde-se que na serra de La Culebra (Espanha), que faz fronteira com a de Montesinho, foi criado um vasto parque eólico, com centenas de aerogeradores, o que leva a Câmara Municipal de Bragança (CMB) a exigir o aproveitamento das condições naturais no lado português.
O problema, contudo, é a ligação do hipotético parque eólico à Rede Eléctrica Nacional (REN), um condicionalismo em vias de ser ultrapassado na Serra da Nogueira, após a construção duma subestação eléctrica em Olmos (Macedo de Cavaleiros), que ligará os aerogeradores da PENOG à rede nacional