Lusa
O Entrudo Chocalheiro conta receber “30 mil foliões”, em Macedo de Cavaleiros, no ano em que aquele que é apontado como o Carnaval mais genuíno de Portugal aguarda a decisão sobre a candidatura a Património da Humanidade.
Durante quatro dias, entre sábado e terça-feira, os coloridos e endiabrados caretos saem à rua em Podence e Macedo de Cavaleiros com as tradicionais tropelias que de ano para ano atraem mais curiosos e nestas festividades esperam “mais de 30 mil visitantes”.
Este ano vão duplicar as tabernas e locais para receber os visitantes. Ponto as destacar com o assalto á Câmara de Macedo de Cavaleiros já no dia 2, com o desfile notuno.
Os caretos á solta em Podence, os pregões casamenteitros, a ronda das tabernas , queimadas, passeios pedestres e a quaima do entrudo.
Este ano vai ser também inaugurada uma mega estátua ao Careto logo à entrada da aldeia de Podence.
Esta é a oportunidade de conhecer de perto a tradição candidata a Património Imaterial da Humanidade e que vai conhecer este ano, em dezembro, a decisão da UNESCO, a organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação, sobre a candidatura formalizada há um ano.
O Entrudo Chocalheiro é organizado pela Associação Grupo Caretos de Podence, com a colaboração da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros e do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e é o evento carnavalesco mais emblemático do Nordeste Transmontano.
Os endiabrados Caretos de Podence com coloridos e farfalhudos fatos de lã, máscaras de lata, chocalhos à cintura e um pau para amparar as tropelias, são conhecidos pelas manifestações ruidosas que durante quatro dias, no Carnaval, atraem à aldeia transmontana de Podence e à cidade sede de concelho curiosos portugueses e estrangeiros.
Em toda a região de Trás-os-Montes há Caretos no Natal e no Carnaval, todavia os de Podence distinguem-se dos restantes pelo chocalho, daí o nome da festa ser “Entrudo Chocalheiro e que é apontada como “o mais genuíno carnaval português” sem samba, ao ritmo da tradição.
A aldeia de Podence, com 180 habitantes, é invadida por milhares de curiosos para verem as tropelias dos caretos pelas ruas e participarem em várias atividades, como divulgou a organização.
Durante os quatro dias, além das arruadas e tropelias dos caretos, há passeios e visitas ao Terras de Cavaleiros Geoparque Mundial da UNESCO, a Ronda das Tabernas com 16 restaurantes aderentes em Podence, o Pregão Casamenteiro, a Queima do Entrudo e o Desfile de Marafonas, entre outras atividades.
“É, de facto, o Carnaval mais genuíno de Portugal e estou convicto de que quem vier a Macedo de Cavaleiros e a Podence ao longo dos quatro dias vai dar o seu tempo por bem empregue, porque vão ver como uma cultura ancestral das festas carnavalescas continua a ser preservada”, considerou o presidente da Câmara, Benjamim Rodrigues.
Este ano, as festividades são também uma oportunidade de promover a candidatura a Património da Humanidade formalizada em março de 2018.
As “Festas de Inverno Carnaval de Podence” constituem a única candidatura selecionada pelo Governo português para representar Portugal na XIV reunião do Comité Internacional da UNESCO a realizar no mês de dezembro e durante o qual será conhecida a decisão, como indicou António Carneiro, da Associação Grupo de Caretos de Podence.
O processo foi iniciado em 2014 com uma equipa técnica a fazer a recolha e estudo para sustentar a candidatura.
Três anos depois, esta tradição foi reconhecida pelo Governo português com o estatuto de Património Cultural Imaterial de Portugal. No mesmo ano, em 2017, o plenário da Assembleia da República, por unanimidade, deu um voto de saudação ao Carnaval dos Caretos.
Os mais emblemáticos mascarados das tradições transmontanas têm representado Portugal em eventos internacionais com presença em dez países.
Já foram também distinguidos pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) com a emissão de uma moeda da “Etnografia Portuguesa” dedicada aos Caretos de Podence.
Lusa/DTOM
Foto: António Pereira
