«Cuidado, que tens uma filha». Foi com esta ameaçadora mensagem anónima, enviada para o telemóvel, que começou a série de intimidações de que, desde há três semanas, tem vindo a ser alvo a directora do jornal \"A Voz de Chaves\", Elizabete Fernandes. Um caso que já está a ser investigado pela polícia.
Três dias depois de receber a primeira mensagem e dela dar conhecimento às autoridades, Elizabete Fernandes foi obrigada a recorrer de novo à esquadra. Desta vez para participar uma estranha \"visita\" ao seu apartamento, do qual não foi retirado qualquer bem. O intruso espalhou apenas algumas fotografias da sua filha no chão e esfaqueou uma boneca de trapos. Cada vez mais atemorizada com a situação, a directora da \"Voz de Chaves\", que já estava a pensar mudar de casa, fê-lo imediatamente. Mas nem por isso as ameaças pararam, uma vez que uma semana depois recebeu um novo telefonema, desta vez para a redacção do jornal. Do lado de lá ouviu apenas: \"Não é por mudares de casa que te safas\". Porém, o pior estaria ainda para acontecer. Na passada quarta-feira, cerca das 9h30, foi surpreendida por um estranho bater de porta na redacção do jornal, onde se encontrava sozinha. Quando saiu do seu gabinete para ver quem era e o que queria, foi agarrada por um braço e encostada à parede, para não ver a cara do intruso. \"Os cobardes e mentecaptos passam-te ao c... e vais escrever para o jardim das tabuletas\", disse-lhe a voz de quem a segurava, antes de a empurrar contra uma secretária e fugir. A palavra cobarde foi uma clara alusão ao editorial que a jornalista fez no edição de 7 de Março, precisamente a propósito desta macabra história e no qual classificava assim aqueles que a tentavam atemorizar.
A par destas ameaças, também o carro pessoal de Elizabete Fernandes e o do jornal têm sido vítimas de \"atentados\". A ambas as viaturas já foram cortados os tubos dos travões.
A directora da \"Voz de Chaves\" \"não compreende\" o porquê desta perseguição e está convicta de que pode ser alguém que pretende \"destruir\" o jornal e \"destabilizá-la\", na medida em que todos estes acontecimentos têm lugar às quartas-feiras, isto é, no dia de fecho da edição.