Não há longe nem distância quando o amor à terra fala mais alto. Este é o caso de Luís Rodrigues, natural de Failde, uma aldeia do concelho de Bragança. Partiu rumo ao Brasil há 35 anos, apenas com 14 anos de idade, mas «o coração ficou na aldeia».
E, como tal, decidiu colaborar com a Câmara e a Junta de Freguesia e pagar 70% da construção do novo pavilhão polidesportivo, inaugurado ontem. Uma forma de homenagear a localidade de onde também eram naturais os seus pais.
Luís Rodrigues licenciou-se em Direito no Brasil e radicou-se em São Paulo, onde se dedica ao ramo dos transportes. Tornou-se um grande empresário, com mais de oito mil empregados, mas responde sempre aos pedidos de ajuda da freguesia para fazer melhoramentos na aldeia, uma atitude já precedida pelo seu pai que também foi emigrante em terras de Vera Cruz . \"Na medida do possível eu colaboro, pouco a pouco, não é tanto como a freguesia merece, mas são os recursos disponíveis\" explicou, ao JN.
A ideia do polidesportivo nasceu de uma brincadeira do presidente da Junta que lhe disse que algumas das melhores memórias da sua infância estavam relacionadas com os rebuçados que o pai de Luís Rodrigues trazia do outro lado do Atlântico e distribuía pelas crianças da aldeia. Desta vez, o rebuçado é um pouco maior e vai ser de grande utilidade para os mais novos que até agora eram obrigados a jogar futebol num lameiro, com duas balizas improvisadas.
O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, enalteceu a importância das parcerias entre públicos e privados e exortou o empresário a investir na aldeia no sector do Turismo. Aproveitou também para lhe lembrar que, recentemente, foi feito um grande investimento no melhoramento da estrada de acesso a Faílde, onde vivem menos de cem pessoas, o que permite que esteja menos isolada da capital de distrito. Uma possibilidade que Luís Rodrigues não excluiu \"eu actualmente não possuo nada aqui em termos de património físico, só sentimental, mas, quem sabe, pode ser que pense em investir\".
Este foi o primeiro polidesportivo, no total dos 27 que o município brigantino construiu nos últimos oito anos, que partiu de uma parceria, todos os outros foram fruto do investimento da Câmara e das juntas de freguesia.
