Seis casos de tuberculose foram detectados na Escola EB 2/3, de Alijó, desde Março passado: cinco alunos e uma professora. João Mocho, director dos Serviços de Saúde da Subregião Vila Real, disse ao DN que não há motivos para alarme. Todos os doentes se encontram em tratamento, assim como a família mais chegada, num total de 18 pessoas. O primeiro aluno diagnosticado diz-se vítima de exclusão na escola e nos transportes públicos.

João Mocho garantiu ao DN que, em relação à tuberculose, a Escola de Alijó é um dos estabelecimentos de ensino mais seguros do País, uma vez que os casos estão sinalizados e em tratamento, adiantando ainda que apenas a professora a quem foi diagnosticada uma tuberculose pulmonar está internada no Hospital de Vila Real. Os alunos, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos, estão a receber tratamento ambulatório e a frequentar as aulas.

O primeiro caso de tuberculose foi detectado a 6 de Março e, desde então, já foram diagnosticados mais quatro casos de alunos infectados. Entre os discentes foram registados casos de tuberculose pulmonar, pleural e ganglionar, suspeitando-se, de acordo com o responsável, que a origem da doença possa ser a mesma para todos os casos.

De acordo com o responsável da subdelegação de saúde de Vila Real, vão ser rasteadas radiologicamente 930 pessoas, entre alunos, professores e funcionários daquele estabelecimento de ensino. Entre os dias 26, 27 e 28 de Setembro, foram rastreados os alunos, professores e funcionários que contactaram mais de perto com os alunos infectados, seguindo-se os restantes nos \"próximos dias\".

Ontem, dezenas de alunos concentraram-se frente ao Centro de Saúde de Alijó, onde exigiram rasteios à tuberculose para toda a comunidade escolar. Cláudia, 12 anos, Fredi, 15 e Liliana 12, afirmam-se preocupados, uma vez que \"ninguém dá explicações sobre o assunto\", e temem a \"ter de usar máscaras dentro da escola\".

O aluno a quem em Março foi detectada a tuberculose, Ricardo Jorge, 17 anos, vive em Cheires com o pai e a segunda mulher deste. A mãe separou-se do pai há quatro anos. No início de Março começou a sentir-se cansado, \"quando andava abafava, não tinha apetite. O meu pai levou-me ao Centro de Saúde de Alijó, mas nada detectaram. Continuei a sentir-me mal, voltei ao posto médico, mas nada encontravam\", conta. Só quando o jovem perguntou ao médico assistente \"se não seria tuberculose?\" - a mãe e um irmão sofriam da doença - foi feito o diagnóstico.

Ricardo foi então enviado para o hospital de Vila Real e daí transferido para serviços especializados onde, após alguns exames, foi confirmada a tuberculose pulmonar. Apenas quinze dias após a confirmação da doença e de já estar a ser medicado, \" eu a minha família fomos chamados a Alijó para nos notificarem da doença e só a partir daí foram tomadas medidas na escola\". Entretanto, a namorada de Ricardo, de 16 anos, já tinha sido infectada.

Hoje, Ricardo Jorge diz-se vítima de exclusão por parte dos colegas da escola e não só. \"Na cantina, na sala de aula e até no transporte público que utilizo entre Alijó e Cheires, muita gente foge de se sentar ou estar a meu lado\".

Confrontado pelo DN com estas queixas do jovem, João Mocho diz que tal atitude se deve apenas à ignorância das pessoas. Entretanto está decidido encetar uma campanha de esclarecimento e sensiblização para a doença. Um dos pontos será precisamente a tentativa de desmistificação da tuberculose para evitar casos de discriminação. Os serviços dirigidos por João Mocho vão iniciar a campanha precisamente na escola de Alijó, mas também noutras do distrito para esclarecer a população que os jovens em tratamento à tuberculose não são ameaça à saúde pública.



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