Cerca de 200 pessoas manifestaram-se hoje, em Pedras Salgadas, contra o encerramento do balcão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que consideram que vai "matar" esta vila do concelho de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real.

Os populares juntaram-se em frente a CGD, o único banco que existe nesta vila e que serve sete freguesias e cerca de 5.000 pessoas.

Enquanto a população protestava no exterior da agência, o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado, reuniu-se com responsáveis regionais pelo banco e, à saída, confirmou os receios.

"Não são boas notícias (...). Comunicaram-nos que, no fim deste mês, esta agência poderá encerrar", afirmou o autarca.

Alberto Machado referiu que a este balcão "dá lucro" e está instalado num edifício pertencente ao banco público.

"A agência dá lucro e vai encerrar. Então perguntamos qual o critério para fechar. E foi-nos apontado como único critério o geográfico", referiu.

A justificação, adiantou, é que o balcão de Vila Pouca de Aguar fica "a 10 quilómetros".

O autarca criticou a "hipocrisia dos políticos" que nuns dias "defendem o Interior" e em "outros resolvem fechar serviços nesse mesmo Interior".

"Este é o país do faz de conta. Faz de conta que há políticas para o Interior, faz de conta que há recapitalização fechando o que dá lucro", sublinhou.

Alberto Machado disse temer que o fecho da Caixa vá "matar a vila".

A comerciante Maria Cardoso improvisou um cartaz onde escreveu "STOP!!! É assim que querem reabilitar o Interior do nosso país!!! Vergonhoso..." e fez questão se de juntar ao protesto porque considera que, se a Caixa fechar, o negócio se vai ressentir.

"Se nos tiram esta Caixa, é péssimo para nós", sublinhou.

Emília Oliveira, que possui um supermercado, disse que faz muita diferença não haver um banco na localidade.

"Os idosos vêm aqui levantar as reformas e depois, se tiverem que ir para Vila Pouca de Aguiar, fazem lá as compras e nós os comerciantes podemos fechar as portas", acrescentou.

Maria Araújo dez questão de vir lutar para que "não fechem" a CGD porque "faz muita falta".

"Se nos tirarem a Caixa, a Guarda (os Correios já nos tiraram também), o que é depois vai ser das Pedras? Toda a gente tem aqui o dinheiro e depois para onde vai? É impossível esta Caixa fechar, o que nos vale é isto", salientou esta idosa.

Nesta localidade, a população diz temer o encerramento de mais serviços, nomeadamente do sub-posto da GNR.

Licínio Gonçalves, residente na vila, fez questão de recordar que esta Caixa serve sete freguesias, ficando a mais distante a 14 quilómetros.

"Para se deslocarem à sede de concelho, as pessoas têm que andar ainda mais 10 quilómetros. Este balcão é rentável. Por que nos tiram este bem essencial para a população?", frisou.

O presidente Alberto Machado disse que Pedras Salgadas tem uma zona industrial anexa, com mais de 30 empresas, com 17 empresas de extração e transformação de granito, e indicou ainda os 30 comércios e empresas localizados só na vila.

Lembrou ainda empresa de águas termais e o parque termal e turístico existente que atrai muitos turistas ao território.

Neste balcão da Caixa trabalham quatro pessoas que, segundo Alberto Machado, serão deslocadas para agências de proximidade.

O autarca garantiu que tudo irá fazer para reverter a decisão de encerrar a CGD e disse que já solicitou audiências à administração da CGD e ao Governo no sentido de tentar travar a decisão de fecho.



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