As linhas ferroviárias do Corgo e do Tâmega encerraram esta quarta-feira. O Governo quer corrigir problemas de segurança e promete que a medida é temporária. As populações afectadas estão revoltadas e temem o encerramento definitivo.

O primeiro sinal de revolta surgiu na noite de anteontem. Populares da aldeia de Carrazedo, Vila Real, estranharam o regresso à Régua da automotora, que habitualmente fica em Vila Real para efectuar a primeira viagem no dia seguinte, e bloquearam momentaneamente a sua passagem.

O presidente da Junta de Freguesia da Ermida, José Martins, teme que a decisão da Refer seja o prenúncio do encerramento definitivo e quer reunir com as entidades competentes. Hoje, vai pedir uma audiência ao governador civil de Vila Real, Alexandre Chaves, o primeiro portador da mensagem que, anteontem à noite, deixou as populações servidas pela linha do Corgo em alvoroço.

Está a ser preparada uma manifestação de protesto junto ao Governo Civil de Vila Real e, tal como o JN constatou ontem nas aldeias servidas pela linha do Corgo, não vai faltar adesão. Os utentes não se conformam com os transportes alternativos que lhes são disponibilizados (autocarros) e não aceitam os argumentos da Refer, que invoca a falta de condições técnicas das linhas do Tâmega e Corgo.

Apanhado de surpresa pelo encerramento da Linha do Tâmega, o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, procurou informações junta da secretária de Estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino explicou-lhe que a linha foi fechada porque, nalguns locais, \"não cumpria as normas mínimas de segurança\", mas garantiu-lhe que será reaberta \"logo após as obras a que vai ser sujeita\". Contudo, o Governo não se compromete com prazos para a reabertura, visto que os projectos ainda não estão prontos. A decisão de encerrar as linhas foi tomada na sequência de inspecções pedidas pelo Ministério das Obras Públicas após os acidentes que determinaram o encerramento da linha do Tua.

No Parlamento, onde foi confrontado com pedidos de explicações do PCP, BE e \"Os Verdes\", o ministro dos Assuntos Parlamentares disse que o encerramento é provisório e motivado por \"questões de segurança\" que obrigam à realização de obras. O Governo tem como política \"não ter nenhuma hesitação quando se colocam questões de segurança\".

O autarca de Vila Real, Manuel Martins, diz que \"é preferível fechar e compor, para evitar que haja algum acidente que depois se lamente\". Mas se a linha não for reaberta o Governo vai tê-lo \"à perna\". Pelo mesmo diapasão afina Francisco Ribeiro, presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, \"triste\" com a decisão, já que \"a povoação de Alvações do Corgo só tem este meio de transporte público\". O edil da Régua, Nuno Gonçalves, também falou com Ana Paula Vitorino, pedindo-lhe celeridade nas obras para que \"a linha retome a normalidade o mais breve possível\".

A Refer adianta que as intervenções nas linhas vão iniciar-se \"dentro de quatro meses\" e que antes serão ouvidos os municípios.



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«Não é da competência do Presidente»