O edifício onde funciona a Escola Primária e o Jardim de Infância de Salto, no concelho de Montalegre, não tem cantina. Para contornar a falha, a Câmara Municipal paga o almoço das crianças nos restaurantes existentes naquela vila. Mas a \"solução\" está a levantar polémica. Além de contestarem o facto das crianças terem de se deslocar a pé cerca de 500 metros para chegar aos restaurantes, alguns pais queixam-se da comida servida. Dizem que não é a \"mais adequada\" para os mais pequenos.
As crianças provenientes das aldeias pertencentes à freguesia de Salto, que frequentam o jardim de infância e a escola primária daquela vila do concelho de Montalegre, são obrigadas a almoçar nos restaurantes que existem naquela localidade. Isto porque o edifício onde funcionam aqueles dois estabelecimentos de ensino não está equipado com cantina, apesar de ter sido alvo de obras recentemente e estar, por isso, em boas condições e mesmo com aquecimento central instalado. Esta situação mantém-se há cerca de cinco anos e a despesa dela decorrente é suportada pela Câmara Municipal de Montalegre, que paga aos restaurantes em causa três euros por cada refeição. Este ano, estão nestas condições 35 crianças, 19 do primeiro ciclo e 16 do pré-primário. Feitas as contas, e sem contar com o suplemento alimentar (refeição ao meio da manhã) que a autarquia paga às crianças mais carênciadas, a alimentação daqueles alunos custa à Câmara cerca de 2.100 euros (420 contos).
No entanto, a \"solução\" encontrada pela autarquia montalegrense para colmatar a falta da cantina está a gerar polémica. Segundo o presidente do Agrupamento de Escolas do Baixo Barroso, João Pereira, esta situação \"não agrada\" aos encarregados de educação das crianças, que, inclusivamente, já se reuniram para discutir o assunto. \"Os pais sentem-se revoltados com o facto das crianças terem de fazer a pé o percurso desde a escola até aos restaurantes - cerca de 500 metros - Aqui os Invernos são pesados, e, por isso, quando chove muito as crianças ficam todas encharcadas\", explicou João Pereira. Além disso, este dirigente questiona ainda: \"E se acontece alguma coisa às crianças durante o percurso até ao restaurante? De quem é a responsabilidade?\".
Por outro lado, João Pereira lembra também que \"a dieta que é seguida pelos restaurantes, a começar pelo tempero, é própria para adultos e não para crianças\".
Outra questão levantada pelo representante dos pais dos alunos do Baixo Barroso diz respeito à despesa que a autarquia tem com esta situação. \"Será que não ficava mais barato construir uma cantina?\", pergunta João Pereira.
O responsável autárquico pelo sector da educação, Orlando Alves, assegura que não. \"Além da construção da cantina, teríamos também que contratar duas cozinheiras\", explicou o autarca, que, no entanto, admite que esta \"não é a melhor solução\". E, por isso mesmo, Orlando Alves garante que uma sala da escola irá ser transformada num refeitório, para que os restaurantes onde agora as crianças comem passem a servir ali as refeições, evitando assim a deslocação dos pequenos.
Em relação à comida, Orlando Alves afiança que nunca houve reclamações por parte dos pais e acrescentou: \"Infelizmente, não acho que a comida nas cantinas das escolas seja diferente da que é servida nos restaurantes\".
O vereador da Câmara Municipal de Montalegre admite também que, no futuro, se possam aproveitar para benefícios das crianças as instalações do lar de idosos que fica a escassos metros da escola.