Os empresários de Bragança temem que a instalação de portagens na futura auto-estrada transmontana (A4), entre o nó de Bragança/nascente e Quintanilha, afaste a região da rota do tráfego de veículos pesados que actualmente entram por aquela fronteira, que poderá ser preterida face a outras, nomeadamente a de Vilar Formoso ou Chaves.
Luís Portugal, empresário de telecomunicações e vestuário, disse ao JN que as portagens \"são profundamente negativas porque se corre o risco que o tráfego de pesados se deixe de fazer pela região, o que significaria enumeras perdas\".
Com uma possível alteração da rota de pesados, Bragança perde, no entender do empresário, \"porque muitos dos automobilistas que passam por aqui param para dormir e para comer, o que significa entrada de capital no comércio local\". Mesmo sem a auto-estrada construída e sem valores de portagem estipulados, Luís Portugal considera que é uma má medida. \"A ideia generalizada que fica é que auto-estrada vai ter portagens, o que afasta muita gente logo à partida, não vêm só porque têm aquela ideia\", referiu.
Também o presidente do Nerba, Associação Empresarial do distrito de Bragança, Rui Vaz, está contra as portagens, que considera \"não terem sentido numa região destas, pobre e com tecido empresarial em desenvolvimento, uma vez que poderá prejudicar a actividade comercial e empresarial, mesmo sem saber quais os valores em causa, não sabemos se será cara ou barata\".
Rui Vaz critica ainda as portagens numa zona em que não existem estradas alternativas e onde \"a circulação fácil deve ser salvaguardada, pelo menos numa primeira fase. Posteriormente, quando houvesse indicadores de melhorias económicas e de maior desenvolvimento, poder-se-ia pensar em fazer um ajustamento e até colocar portagens\", explicou.
Eurico Pires, empresário do sector da construção civil, tem uma visão mais optimista e diz que as portagens podem não prejudicar, \"desde que sejam salvaguardadas alternativas de circulação, a circular interna de Bragança que já está projectada pode ser uma boa alternativa e isenção de pagamento para o trânsito local\", referiu.
Por seu turno, Vítor Barata, funcionário público diz sentir-se \"enganado, porque as portagens não estavam previstas. São um absurdo porque não temos vias alternativas, só temos o IP4\". Em seu entender, as portagens \"vão prejudicar a cidade devido à falta de alternativas. Os automobilistas que pensem vir pela região vão acabar por escolher outras estradas e outras fronteiras, como Chaves ou Vilar Formoso, porque toda a gente evita pagar\".