Até final do ano, deverá estar a funcionar uma plataforma que ligue, na Internet, luso-descendentes espalhados pelo Mundo. O portal terá conteúdos que, ontem, foram escolhidos pelos participantes no V Encontro de Luso-Descendentes.
Temas como a criação de negócios ou o desenvolvimento de parcerias lideraram as preocupações dos participantes que, ao nível de serviços online, votaram nos pedidos de certidões de registo civil, aquisição e renovação do Cartão Jovem Luso-Descendente e aconselhamento.
Para que o portal seja dinâmico e funcione como efectiva plataforma de encontro, Carla Mouro, presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), espera que sejam garantidos apoios das secretarias de Estado das Comunidades e da Juventude. \"Não basta que disponibilizem informações. É preciso criar incentivos para que estes jovens possam concretizar projectos enquanto portugueses\", alertou.
Na última semana, cerca de 50 jovens vindos de 23 países participaram no encontro que, sob organização do CNJ, debateu as principais dificuldades sentidas por quem vive longe de Portugal. O tom geral foi de crítica à actuação dos consulados que, considerou a generalidade dos jovens, raramente conseguem dar resposta às solicitações. Depois de alguns dias de muito turismo e menos trabalho, Maria José Parreira, residente no Brasil, descreve o dia de ontem como o mais proveitoso. \"Conseguimos pôr no papel as nossas preocupações com a falta de divulgação da cultura portuguesa e das associações\", explica.
Da música portuguesa, Maria José Parreira, terapeuta da fala, de 27 anos, pouco mais conhece que Madredeus ou Rui Veloso. Mais recuada aos clássicos é a viagem pela Literatura, destacando-se os nomes de Camões e Antero de Quental. \"A modernidade portuguesa não chega aos nossos países\", admite.
Por isso, salienta Carla Mouro, são precisas novas formas de divulgação e projectos que mantenham a identidade do país. \"Estamos a falar de uma geração que já descolou da ligação à pátria como fado e folclore. Querem uma ligação mais criativa\".
Associações pedem apoio
O associativismo é apontado como uma das chaves para manter a ligação entre as comunidades de luso-descendentes espalhados pelo Mundo. Maria José está ligada à Casa dos Açores no Rio de Janeiro (onde reside) e a uma associação que divulga as Festas do Divino Espírito Santo, em Niterói. Seis outros participantes brasileiros dinamizam a Asssociação de Arouca. Catherine Mirandez, de 28 anos, preside à \"Frágil\", em França. Os exemplos não faltam, mas ouvem-se queixas de \"falta de apoios às iniciativas\".
Por isso mesmo, esta é uma das áreas em que o novo portal se propõe dar um \"empurrão\". Como explica Carla Mouro, o objectivo é que o acesso a apoios e a contactos de associações de todo o Mundo esteja ao alcance de um clique. \"Futuramente, queremos que um grupo possa facilmente organizar um encontro como os cinco anteriores, sem para isso precisar do nosso suporte logístico. Todas as ferramentas estarão na Internet\", garante.