A Junta de Freguesia de Lagoaça, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, virou ontem uma página na decadência que tomou conta da antiga linha do Sabor, encerrada em 1998. No âmbito do Centro Rural do Douro Superior, a JFL e a Câmara Municipal transformaram a antiga gare num edifício que poderá, agora, dar lugar a uma unidade de turismo rural, explorada pela autarquia local ou por organismos privados, mediante a abertura de um concurso público.
As obras custaram 20 mil contos, sendo sete mil comparticipados pelo programa Centro Rural do Douro Superior e o restante suportado pela Câmara Municipal de Freixo e Junta de Freguesia.
Tudo começou em meados da década de oitenta, quando a CP celebrou um protocolo de cedência de instalações com a Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta que nunca chegou a ser cumprido. Só com a divisão da empresa em CP e REFER é que a propriedade foi transferida para a autarquia, possibilitando o arranque das obras, há cerca de um ano e meio.
Agora que a antiga gare sofreu uma operação de cosméstica, a edilidade e a Junta de Freguesia querem também criar um parque lazer na zona envolvente. Esta foi uma das medidas anunciadas ontem, durante a inauguração das obras de restauro que fazem da estação de Lagoaça a excepção à regra na linha do Sabor, que antes ligava o Pocinho, na linha do Douro, a Duas Igrejas, no concelho de Miranda do Douro.
Tudo o resto, à excepção do antigo depósito de água da estação de Urrós, recentemente recuperado pela Câmara Municipal de Mogadouro, permanece em estado adiantado de degradação, sendo de destacar, pela negativa, o caso da estação de Freixo de Espada à Cinta, onde grande parte do telhado já desabou.
Mas, após mais de uma década de abandono, novos ventos poderão soprar na antiga linha férrea, logo que a cedência do património seja uma realidade. O Parque Natural do Douro Internacional, por exemplo, pretende adquirir diversas estações para criar unidades de turismo de natureza, dado que alguns edifícios são ricos do ponto de vista arquitectónico, sendo de destacar o azulejo tradicional que cobre parte das fachadas. A concretização do projecto encontra-se dependente da disponibilidade do orçamento do Instituto de Conservação da Natureza e da cedência dos edifícios.
Para não deixar perder o que ainda resta daquela linha, a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo queria avançar com o aproveitamento turístico do troço Pocinho-Moncorvo-Carviçais, mas como a REFER arrancou centenas de carris entre Duas Igrejas e o Felgar, a autarquia está a pensar em criar um corredor verde entre a vila e Carviçais, uma das aldeias mais dinâmicas do concelho.
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