No dia oito de Novembro de 1998, Portugal rejeitou a divisão do país em regiões administrativas. Em Trás-os-Montes e Alto Douro (TMAD), quase 69% da população disse «Não» ao modelo de regionalização então referendado pelo governo de António Guterres e que previa a criação de uma região condizente com a província.

Passados oito anos, este canto do país mantém-se atrasado, à espera de um futuro promissor. O Douro, particularmente esta parcela de múltiplas potencialidades, continua no pelotão das mais pobres da Europa. Teria a regionalização ajudado ao seu desenvolvimento?

Luís Ramos, docente da Universidade de TMAD entende que não se pode afirmar com toda a certeza que a regionalização teria sido a solução para debelar as carências do Douro, mas a criação de um nível intermédio de administração do território \"teria ajudado a resolver alguns problemas de organização\".

Pior é impossível

Precisa que, neste momento, a região \"não estaria dividida por quatro distritos, três Regiões e uma Junta de Turismo, bem como várias circunscrições territoriais de vários ministérios\". O autarca de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, segue a mesma linha de pensamento e nota que \"se há zona do país que é prejudicada pelo actual modelo administrativo é o Douro\". Daí que seja \"mais que óbvio\" que a regionalização teria ajudado a desenvolvê-lo.

\"Qualquer outra situação seria melhor que a actual\", atira o edil de S. João da Pesqueira, Lima Costa, para quem o Douro não pode vir a estar \"pior do que o que já está\". Entende que se a regionalização tivesse vingado há oito anos ter-se-iam criado condições para uma melhor distribuição de recursos por parte do Estado. E que as próprias entidades locais \"estariam imbuídas de outras responsabilidades, evitando a desmotivação que agora reina\", bem como um conhecimento melhor das realidades da região para a definição de políticas.

Em suma, resume Luís Ramos, haveria uma única lógica de administração do território, o que \"poderia ajudar a região a ter uma voz mais forte e mais liderante\", assim como seria capaz de \"promover os seus recursos de uma forma mais eficaz\".

O presidente da câmara de Carrazeda de Ansiães, Eugénio de Castro, prefere não estabelecer uma ligação entre a criação de uma região administrativa e o desenvolvimento do Douro, mas admite que, \"em determinadas circunstâncias, poderia ter sido importante\".

Modelo não foi negociado

O deputado do PSD eleito pelo círculo de Vila Real, Ricardo Martins, duvida que o modelo de regionalização de António Guterres tivesse sido a melhor solução para os problemas durienses, até porque \"foi imposto e não foi negociado com autarcas e sociedade civil\".

Jorge Almeida, homólogo do PS, não concorda, mostrando-se um \"adepto fervoroso\" daquela reforma. Exemplifica com o que se passa noutros países, para demonstrar que \"quando os centros de decisão estão mais próximos das populações e se conseguem criar lógicas de poder supra-municipal, é possível criar dinâmicas que planeiem e executem políticas mais acertadas\".

A regionalização, modelo José Sócrates, com base nas cinco regiões plano, parece ser a solução de futuro, goste-se ou não. As Comunidades Urbanas criadas no governo de Durão Barroso é que ficarão definitivamente enterradas.



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