O mau tempo em Trás-os-Montes no sábado destruiu olivais e vinhas e causou prejuízos de milhares de euros e perdas de produção de 70% nalguns casos, adiantaram hoje à Lusa municípios e associações de agricultores locais.
Nesta região, os concelhos mais afetados pela queda intensa de chuva e granizo foram Valpaços e Mirandela, nos distritos de Vila Real e Bragança, respetivamente, referiram as mesmas fontes.
A coordenadora da Proteção Civil de Valpaços disse à Lusa que o levantamento dos prejuízos, que se estimam ser avultados, começa a ser feito na segunda-feira.
A vinha, o olival, as árvores de fruto e as hortas foram as produções mais afetadas pelo mau tempo, enumerou Carla Cerdeira.
“Os prejuízos são enormes porque grande parte da produção de azeite ficou comprometida, a azeitona está toda no chão. Depois, a vinha também foi atingida porque a maioria ainda não tinha sido vindimada e, claro, as árvores de fruto”, sublinhou.
Por seu lado, a presidente da Câmara Municipal de Mirandela revelou que as equipas municipais já estão a proceder à limpeza de estradas e caminhos agrícolas.
Dizendo que a azeitona foi a cultura mais atingida naquele concelho, Júlia Rodrigues explicou que o epicentro do mau tempo foi o centro de Mirandela e as explorações agrícolas mais próximas.
“A azeitona caiu quase toda ao chão”, frisou, acrescentando já estar a trabalhar, juntamente com as juntas de freguesia, no apuramento dos estragos.
Os Bombeiros de Mirandela revelaram, numa publicação na sua página de Facebook, ter registado mais de 20 ocorrências, desde drenagem de caves, garagens, casas e de um conjunto de lavagens de pavimento.
Já o membro da direção nacional da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) António Luís Marques referiu à Lusa estar já a ser feito o levantamento dos prejuízos que não se restringem às produções, mas aos acessos aos caminhos agrícolas.
“Estamos a falar de produções que já vinham com dificuldade de 2022 e, portanto, 2023 estava já com indicadores muito negativos quanto à produção deste ano que, agora, ainda se agravam”, explicou.
Segundo o dirigente, há zonas de olivais que ficaram com a sua produção completamente comprometida, podendo estar em cima da mesa quebras de produção na ordem dos 70% ou mais.
“Gostava que o Governo olhasse para esta região com olhos de ver porque é necessário que estes agricultores tenham acesso aos fundos comunitários e nacionais para poderem trabalhar a terra, que já é tão difícil de trabalhar”, ressalvou António Luís Marques.
“Falamos de prejuízos de milhares de euros”, anotou o vice-presidente da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD).
Francisco Pavão revelou que muitos dos rendimentos das explorações está em causa, assim como a sua viabilidade técnica, económica e financeira.