O clima político na segunda maior freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros - Morais - manteve-se aparentemente calmo, depois do presidente da Junta, António José Rodrigues, ter manifestado, há duas semanas, a intenção de se demitir deste cargo, para o qual foi eleito em Dezembro de 2001. Na carta que escreveu ao presidente da Assembleia de Freguesia, a pedir a demissão, António Rodrigues invocou motivos de saúde, mas na aldeia poucas pessoas acreditam nessa versão. Isto porque se conta na povoação que no domingo, dia de feira, à saída da missa, \"o ex-presidente disse para quem o quis ouvir que se demitia por três motivos: devido à saúde, porque não se pode aborrecer, à história da municipalização da água, cuja entrada em vigor iria contrariar o que prometeu em campanha eleitoral, e devido a algumas divergências com os outros membros da Junta\".

Confrontado com estas alegações, António Rodrigues afirmou que \"as pessoas podem dizer o que quiserem\", mas \"o que conta efectivamente é o que consta no pedido de demissão\". O ex-autarca negou também a existência de divergências com outros membros da Junta. E disse ainda ao Semanário TRANSMONTANO: \"se me chatearem muito, o povo pode contar comigo nas próximas eleições\", não clarificando porém se na qualidade de candidato se a apoiar uma candidatura.

Entretanto, a Assembleia de Freguesia reuniu no sábado passado, resultando desse plenário a eleição da nova Junta, que passa a ser constituída por Mário Teles como presidente, Elias Afonso como secretário e José Geraldes como tesoureiro, os dois primeiros pelo PSD e o último pelo CDS/PP. Esta decisão teve três votos a favor e três abstenções (dos membros do PS).

Quanto à demissão de António Rodrigues, Mário Teles afirmou que \"se há ou não outras razões além da que invocou, cabe ao ex-presidente declará-las\". Ao novo presidente compete-lhe apenas \"respeitar o que está escrito na carta e em consequência disso aceitar o veredicto da Assembleia que o elegeu para tentar resolver os problemas da freguesia\".

Porém, o candidato do PS derrotado em 2001, Mateus Vaz, não tem dúvidas que \"a demissão de António Rodrigues se ficou a dever a divergências entre os membros da Junta. Na sua perspectiva, \"o ex-presidente estava habituado a trabalhar à maneira dele, mas como encontrou uma equipa estruturada e com objectivos, preferiu abdicar do que andar constantemente envolvido em problemas com os seus colaboradores\". \"Isto não quer dizer que as ideias dele não estivessem correctas, só que deu com pessoas que gostam das coisas organizadas\", acrescentou.

Mateus Vaz disse ainda que, antes da reunião convocada para eleger a nova Junta, foi convidado para a integrar. Não aceitou porque em 2001 candidatou-se a presidente \"e não a outro cargo\". Na altura, o candidato quis \"fazer a conciliação entre pessoas desavindas\", mas como a sua posição \"não vingou\", cabe a quem ganhou as eleições \"tomar conta da Junta\". E como \"nas actuais circunstâncias, caso fossem convocadas eleições antecipadas, seria muito difícil arranjar candidatos em qualquer dos partidos, a solução encontrada é a melhor, dada a situação que se criou\", considera Mateus Vaz.

No entanto, como membro da Assembleia de Freguesia, o socialista \"não abdica\" de \"pedir contas ao executivo que saiu\". Sem querer \"pÎr em causa a honestidade dos membros da Junta\", Mateus Vaz quer ver explicadas \"as acusações alegadamente proferidas por António Rodrigues relativamente a uma verba de cerca de 29 mil contos\". Além disso, pretende saber como é que a autarquia vai resolver o \"imbróglio da suposta dívida de quatro mil contos à Comissão Fabriqueira, contraída após a venda do antigo quartel da GNR para adquirir o terreno para a construção de um lar de idosos\". Isto para \"dissipar, de uma vez por todas, as dúvidas que subsistem, se vai ser a Junta de Freguesia ou a Comissão Fabriqueira a liderar o processo\". O imóvel era propriedade da Comissão Fabriqueira e a construção do lar \"foi uma das promessas eleitorais\" da lista vencedora em 2001.



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