O presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, Carlos Vaz, garantiu hoje que esta entidade faz todos os dias testes ao novo coronavírus, rejeitando as críticas do autarca de Bragança à demora dos resultados.
O presidente da Câmara, Hernâni Dias, criticou hoje a morosidade dos resultados que atribuiu à ULS do Nordeste e ao facto de os laboratórios funcionarem apenas três dias por semana.
O responsável pela ULS do Nordeste, Carlos Vaz, garantiu hoje à Lusa que esta entidade faz “testes todos os dias para todo o distrito de Bragança com resultados em 24 horas” e que se houve erros ou problemas na comunicação de resultados não são responsabilidade dos laboratórios públicos.
Carlos Vaz afirmou que a ULS tem respondido a todas as solicitações e que quem decide os rastreios e quem tem que ser testado é a Saúde Pública, que, apesar de ser um departamento desta unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem autonomia e depende diretamente da Direção-Geral da Saúde.
Carlos Vaz indicou que, quando há um surto, ou um aumento do número de testes, é pedida, como desde o início da pandemia covid-19, a colaboração do Hospital de São João do Porto, que também fornece os resultados em 24 horas.
O presidente deu como exemplo o dia de sexta-feira, em que a ULS processou 90 testes e mandou 150 para o São João, sendo que os resultados já foram todos comunicados.
O Instituto Politécnico de Bragança é outras das entidades que processa testes na região, mas apenas os relativos aos lares de idosos, no âmbito de um protocolo celebrado com a Segurança Social.
O presidente da ULS do Nordeste adiantou ainda que a capacidade de testagem vai ser “triplicada” com a instalação de novos laboratórios que vão permitir realizar diariamente mais 200 testes a juntar aos cerca de cem atuais.
O reforço será feito nos três hospitais da região (Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros) e algum equipamento já se encontra no hospital de Bragança.
Carlos Vaz explicou à Lusa que foi necessário realizar obras, que “começaram há 15 dias e devem estar concluídas durante a próxima semana”. Será também necessário “preparar os técnicos” que vão trabalhar com o novo material.
O responsável perspetiva que “dentro de 15 dias” o equipamento estará operacional e anunciou que para os meses de outubro e novembro está prevista a chegada de mais material do género para reforço da capacidade.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, anunciou que vai pedir uma reunião de emergência à ULS do Nordeste para discutir as questões relacionadas com os testes ao novo coranavírus na região.
Hernâni Dias tem assumido nos últimos dias a coordenação do surto nos lares da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, onde uma funcionária testou positivo a 23 de setembro e uma semana depois começaram a ser feitos testes a trabalhadores e utentes, com um balanço fechado hoje de 100 idosos infetados e 15 funcionários, entre 310 testados.
Nos próximos dias deverão ser realizados mais quase 700 testes nas restantes valências desta que é a maior instituição social do distrito de Bragança, e que além da estrutura residencial para idosos tem também uma Unidade de Cuidados Continuados, O Centro de Educação Especial e três infantários e uma escola básica, com mais de 300 crianças.
O presidente da Câmara de Bragança exigiu hoje que a Saúde trabalhe mais rápido nos testes, afirmando que “não se admite” que com os atuais números da pandemia, os laboratórios da região estejam “a trabalhar apenas à segunda, à quarta e à sexta-feira”.
O autarca, que é também o responsável municipal pela Proteção Civil, enfatizou que poderá haver situações em que a comunicação dos resultados demore “quatro dias”, o que para o autarca pode significar “estar de forma absolutamente negligente a permitir que a doença se propague”.
O presidente da Câmara disse também ter conhecimento de que a ULS do Nordeste tem “máquinas completamente paradas, sem qualquer utilidade, à espera de um espaço adequado para poderem começar a laborar” para reforçar a capacidade de testagem.
Os casos de infeção pelo novo coronavírus dispararam no distrito de Bragança para mais de 800, com um total de 29 mortes associadas à covid-19, depois de durante quase quatro meses, desde maio, o número de óbitos se manter em 24.