O presidente da República, Cavaco Silva, homenageou hoje o professor Adriano Moreira, na cidade fronteiriça de Bragança, onde «viajou» por terras espanholas sem sair do país.

Apesar da proximidade com Espanha, Bragança sempre persistiu em ser portuguesa, como frisou o presidente da República. Porém, o sotaque castelhano marca presença no lado português da fronteira.

Cavaco Silva viajou, em Bragança, entre as cidades espanholas de Leon e Zamora, nome de baptismo de duas avenidas, uma das quais (Leon) inaugurada hoje pelo presidente da República.

No topo da nova avenida fez outra inauguração de um exemplo das tradições e cultura comuns entre os dois lados da fronteira personificas nas esculturas de dois caretos com dois metros de altura.

O monumento aos tradicionais mascarados de Bragança e Zamora são da autoria de Manuel Barroco e estão ladeados por exemplares das máscaras típicas das duas regiões, que estudam a possibilidade de candidatar estes espólio comum a Património da Humanidade.

Da avenida Cidade Leon, o presidente da República seguiu pela avenida Cidade Zamora até à sede portuguesa da Fundação Rei Afonso Henriques, na zona histórica de Bragança.

Uma instituição que, como disse, \\"aprofundando as relações entre os lados da fronteira contribui para o desenvolvimento económico, social e cultural do Vale do Douro\\".

A sede portuguesa abre em Bragança treze anos depois da sede espanhola, em Zamora, como realçou o autarca anfitrião, Jorge Nunes, que se queixou do centralismo português \\"que desvaloriza a iniciativa regional e empobrece o país\\".

\\"Eis aquilo de que Bragança e esta região mais necessitam: formas inovadoras de valorização do seu património e de dinamização das suas capacidades, consistentes com uma acrescida centralidade no contexto ibérico e uma maior proximidade ao centro da Europa\\", considerou o chefe de Estado.

Cavaco Silva referiu-se depois à \\"pátria pequenina que é Trás-os-Montes de vida austera, que produz homens de porte agreste e alma sensível, onde nasceram, ao longo dos séculos, portugueses que interpretam, como poucos, o sentido de dever e da honra\\".

Um desses portugueses é Adriano Moreira, homenageado e citado pelo presidente da República na \\"pátria pequenina que é a aldeia de cada um\\" e na visão de como devem agir aqueles que são \\"responsáveis pela coisa pública\\".

\\"Nas suas avisadas palavras, é absolutamente inadmissível que alguém, sobretudo quando é responsável pela coisa pública, perca o tempo dos outros, porque o tempo dos outros é o futuro de todos\\", citou.

Cavaco Silva agradeceu a Adriano Moreira pelo seu contributo nacional e pela \\"prova de devoção à terra dos seus antepassados\\" ao legar todo o seu espólio pessoal ao município de Bragança.

Esse espólio, em que se destaca a obra do professor catedrático e ex-presidente do CDS-PP na área da Ciência Política, está patente e acessível ao público na biblioteca com o nome do patrono inaugurada hoje em Bragança, no antigo colégio dos Jesuítas, actual centro cultural.

O político, académico e jurista nasceu em Grijó, uma aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros, mas foi Bragança a escolhida para guardar o seu acervo bibliotecário, condecorações, diplomas e atribuições honoríficas.

O homenageado agradeceu ao presidente da República por ter participado nestes actos em Bragança que classificou como a \\"luta contra os nossos políticos que são altamente responsáveis por esta interioridade\\".



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