O primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, relativizou esta quarta-feira, em resposta a um estudante português, a questão da «emigração forçada» de estudantes «de topo», enfatizando que «não é uma situação exclusiva de Portugal».

Já no período de debate - após ter falado na conferência The Swedish Reform Experience (A experiência de reforma da Suécia), que decorreu hoje na reitoria da Universidade do Porto (UP) - o líder do Partido da Coligação Moderada (liberal) e primeiro-ministro da Suécia desde 2006, sem comentar em particular o caso português, defendeu que «após um período de emigração» o regresso ao país de origem pode ser «um benefício».

«Essa situação não é exclusiva de Portugal e, na maioria das vezes, o regresso ao país de origem, uns anos depois, pode ser uma mais-valia, um benefício», disse Fredrik Reinfeldt, defendendo que as «experiências recolhidas durante a emigração podem ser enriquecedoras».

O líder sueco apresentou-se na conferência na UP, acompanhado do secretário de Estado Adjunto dos Assuntos Europeus, Miguel Morais Leitão, debaixo de um coro de protestos vindos de cerca de três dezenas de manifestantes que acreditavam que Reinfeldt seria acompanhado do seu homólogo português, Pedro Passos Coelho.

Em nome de vários movimentos, nomeadamente o «Que se Lixe a Troika, queremos as nossas vidas de volta», alguns manifestantes contaram à agência Lusa que permaneciam à entrada da reitoria a «gritar contra as medidas de austeridade do atual governo português» por acreditarem que Passos Coelho estaria «escondido» dentro do edifício da UP.

«Gatunos», «fascistas» e «demissão» foram algumas das palavras de ordem que marcaram o protesto. Já durante o discurso do primeiro-ministro sueco, ainda se ouviu o «Grândola Vila Morena».

Questionado, ainda na fase de debate, sobre se conhecia o porquê daquele coro de protestos, o líder sueco voltou a relativizar o tema: «Se calhar, algumas pessoas que estão lá em baixo não acreditam que nem toda classe a classe política é corrupta».

Reinfeldt aproveitou para defender a importância de uma democracia «credível», com políticos «respeitados», e disse ser «importante» existirem políticos que, apesar de «impopulares, estão cientes dos problemas do país».

«Já que o nosso primeiro-ministro não veio ou se escondeu, continuamos a gritar para que pelo menos o sueco nos ouça e saiba como está o país que visita», disse à Lusa, uma das manifestantes, Ana Torres, confessando estar desempregada e «farta» do governo social-democrata.

O arranque da visita oficial a Portugal de Fredrik Reinfeldt, que decorre até quinta-feira, aconteceu com uma reunião bilateral com Pedro Passos Coelho, em Serralves, na qual o líder português sublinhou que a «experiência sueca dos últimos 20 anos» pode ser «muito importante para vários países, nomeadamente, para Portugal».

«A Suécia é um parceiro político, económico e cultural muito importante. Portugal é um destino de investimento sueco e um mercado importante para exportações nacionais», disse Passos Coelho, na conferência de imprensa conjunta.

Reinfeldt frisou, por seu turno, que «numa altura em que Portugal vive uma crise e alterações estruturais, muitos outros países estiveram na mesma situação e fizeram grandes reformas», dando o exemplo da Suécia.

«Não foi popular na altura mas nós saímos mais competitivos do que entramos na crise», garantiu.



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