O Tribunal de Viseu decretou a prisão preventiva para quatro dos 10 detidos pela Polícia Judiciária de Vila Real numa investigação ao negócio fraudulento de carros de gama alta através da Internet, disse hoje fonte policial.
A fonte acrescentou que os restantes seis detidos ficaram sujeitos a apresentações bissemanais nos postos policiais da área de residência e com proibição de contactos entre eles.
A operação denominada “Gama Alta” foi desencadeada pelo Departamento de Investigação Criminal de Vila Real e culminou, na terça-feira, com a detenção de nove homens e uma mulher, com idades compreendidas entre os 20 e os 71 anos, suspeitos da autoria dos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos e detenção de arma proibida.
Os suspeitos, sem ocupação laboral conhecidas e com ligações familiares, foram presentes ao Tribunal de Viseu na quarta e quinta-feira e as medidas de coação foram conhecidas hoje, tendo sido aplicada a medida de coação mais grave, a prisão preventiva a quatro dos arguidos.
A ação policial decorreu nas zonas do Porto, Setúbal e Elvas e incluiu a realização de 24 buscas domiciliárias e não domiciliárias.
Segundo explicou a PJ, em comunicado, a investigação teve “por objeto a aquisição e pagamento fraudulento e fictício, por parte dos arguidos, de diversos veículos automóveis de 'gama alta' (Porsche, Ferrari, Mercedes, Audi, Nissan, entre outras marcas) avaliados em algumas centenas de milhares de euros, cujas vendas eram publicitadas em ‘sites’ da Internet pelos respetivos proprietários”.
A polícia apurou que os “arguidos, após se apossarem dos veículos, efetuaram sempre os respetivos pagamentos por meio de transferências bancárias simuladas ou fictícias”
A sua “verificação, em tempo útil, não era viável pelos proprietários junto das respetivas instituições bancárias, o que permitia àqueles efetuar a alteração do registo de propriedade dos veículos de forma célere, para depois os descaminharem para fora do território português, através de intermediários ligados ao ramo automóvel”.
A quase totalidade dos veículos foi colocada no mercado espanhol, onde os suspeitos possuem ligações familiares, ou intermediários no ‘negócio’”.
Foram identificadas cerca de 20 vítimas deste esquema fraudulento, mas, segundo a PJ, a investigação não está fechada e pode “haver mais lesados” e pode “conduzir, inclusive, a mais detenções”.
A PJ referiu ainda que “todos os veículos foram recuperados e apreendidos pelas autoridades espanholas e portuguesas e, subsequentemente, entregues aos seus legítimos proprietários”.
A investigação teve início após queixas de vítimas, em Lamego, no distrito de Viseu, pelo que o inquérito foi dirigido pelo Ministério Público – Departamentos de Investigação e Ação Penal (DIAP) daquele município.
Para a concretização da operação “Gama Alta”, a PJ de Vila Real, contou com a colaboração das Diretorias do Norte e Centro e da Unidade Local de Évora.
Contou ainda com a colaboração da Guarda Nacional Republicana, através dos Comandos Territoriais do Porto, Coimbra e Setúbal, bem como da Polícia de Segurança Pública, através dos Comandos do Porto e de Setúbal.