Não vai ser um ano fácil para os produtores de maçã do concelho de Carrazeda de Ansiães. O granizo que caiu em Junho passado danificou entre 50 e 60 por cento da produção. Os agricultores esperam uma compensação dos seguros agrícolas, apesar de dizerem que as ajudas para os prejuízos causados pelo granizo são pequenas. A empresa que comercializa uma boa fatia da produção concelhia, a Frucar, é que já começou a fazer contas à vida.
Luís Nunes possui cerca de 17 hectares de macieiras na zona da Venda Nova. Num ano normal, produzem 600 toneladas, mas este ano só deve apanhar \"100 toneladas de maçã boa para o mercado\". O resto vai tudo para Espanha, para uma empresa de sumos. Nas árvores deste jovem agricultor, contam-se pelos dedos as maçãs sem uma marca deixada pela tromba de granizo de 14 de Junho último. A tal que arruinou vinhas no Douro e que, afinal, também arrasou pomares em Carrazeda de Ansiães, um dos municípios que mais maçã produz no Norte do país.
Junto à localidade de Misquel, Elísio Pereira lamenta-se da sua sorte \"Este ano tinha muita e boa maçã, só que tive esta triste sorte de apanhar com o granizo e, meu amigo... resta sofrer as consequências\". Nos seus dois hectares costuma colher cerca de 62 toneladas, mas desta vez \"nem a metade deve chegar\".
Os dois fruticultores alegam que situações como a que se vive este ano os deixam \"de rastos\", porque é na agricultora que têm a fonte de rendimento. Os seguros agrícolas \"são muito caros\", nota Elísio, e depois \"não compensam os prejuízos que a gente tem\". Luís Nunes complementa que as seguradoras dão \"um valor muito alto\" à maçã atingida pelo granizo, pois pode ser utilizada para a produção de sumos. \"Valorizam-na a cinco cêntimos por quilo e depois vendo-a a três\", justifica.
O presidente da Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães, António Barbosa, confirma que em situações de granizo \"o apoio dos seguros é fraco\" para o agricultor. Compara mesmo com as situações de geada em que o prejuízo é calculado directamente. No caso do granizo, \"o lucro que se vai buscar com a venda para sumos não dá para pagar a apanha\".
Apesar de tudo, os seguros agrícolas vão evitar que o ano seja \"tão dramático para os agricultores\", na opinião de António Nascimento, dirigente da Frucar. \"Para a empresa será muito pior\", afiança, pois sem produção não consegue satisfazer as necessidades dos clientes nem gerar mais-valias. Ora, para uma empresa que tem uma estrutura com alguma dimensão - 14 funcionários no quadro mais cinco em época de campanha - e com custos fixos de laboração, \"esta situação é bastante complicada pois comercializando uma pequena percentagem de fruta os lucros não cobrem as despesas\".
Seminários A principal novidade da edição deste ano da Feira da Maçã, Vinho e Azeite de Carrazeda de Ansiães é a realização de três seminários dedicados aos três produtos agrícolas, no auditório do Centro de Apoio Rural.
Pisa de uvas
Este ano mantém-se a pisa de uvas ao vivo no primeiro dia da feira. Vão ser ali produzidas duas pipas de vinho que darão para cerca de 1500 garrafas. Para além de parte delas poder ser consumida na feira do ano seguinte, estas garrafas destinam-se a ofertas do município.
Tasquinhas
Cerca de 70 expositores vão estar presentes no certame. Uma boa parte são artesãos mas há também vendedores de produtos regionais, como fumeiro, compotas, queijos e doçaria. As tasquinhas e os bares voltam a ser um ponto de referência.
Música
A animação deste ano fica a cargo da orquestra espanhola \"Grandes Estrellas\", no dia 24; Toy, no dia 25; João Pedro Pais, 26; e Canta Brasil, 27. Destaque ainda para a actuação dos Zíngaros de Carrazeda na abertura do certame e dos grupos Super Nova e Atitude, na sexta e no sábado, respectivamente. O domingo é também dia religioso, realizando-se à tarde uma procissão com todos os padroeiros do concelho.