Marlene Paiva está inscrita no centro de emprego e já tentou de tudo, mas começa a desanimar.
Marlene Paiva vive no Peso da Régua, tem 25 anos, e há seis que anda à procura de emprego. Em vão. Apesar de estar inscrita no centro de emprego e de lhe terem surgido algumas propostas que não eram consistentes, mantém-se desempregada e sem direito a subsídio.
Com a morte do pai e para acompanhar a mãe, deixou de estudar durante o dia e acabou o 12.º ano à noite. Tinha 19 anos. Inscreveu-se no centro de emprego da Régua e realizou um curso profissional na escola da Associação Empresarial de Vila Real, NERVIR, para melhorar as suas qualificações. Ainda estagiou numa empresa mas depois de sair não viu outras portas abertas. Por enquanto, a carteira profissional do curso de técnica administrativa de pouco lhe valeu.
Chamada para entrevistas
\\"Têm-me chamado para entrevistas em cabeleireiras, mas não tenho qualquer experiência na área. Já fiz limpezas, tentei também nos hipermercados e nas Caldas de Moledo, mas não há forma de se arranjar um emprego fixo\\", lamenta-se Marlene. Lembra-se de ter sido recomendada a uma empresa de Lamego, mas \\"como era à comissão\\" decidiu não aceitar. E ainda de ter ido a uma entrevista, no Porto, no âmbito de selecção de pessoal para prestar serviço no Centro Oncológico de Vila Real, em que se disponibilizou, até, para trabalhar na morgue. \\"Disse que não me importava, o que eu queria era trabalhar, e mesmo assim não consegui\\".
Entretanto, Marlene casou e já está à espera de um filho. Numa altura em que precisava de alguma estabilidade, continua insegura sem saber o que o futuro lhe reserva. \\"Agora vai ser mais complicado arranjar trabalho\\", assume, sem ver no futuro grandes possibilidades. \\"A cidade não evolui. Há muitos cafés e restaurantes, mas não há grandes empresas, pelo que vai ser muito difícil\\".
Com o passar dos anos, Marlene começa a desanimar. Sair para o estrangeiro ou para o Litoral não é opção. Pelo menos por agora. O marido trabalha num hotel perto da Régua e sair de lá seria duplicar o problema. O remédio é \\"continuar à procura\\". Apesar de preferir arranjar trabalho na sua área de formação, está disponível para qualquer outra oferta de emprego. Só lhe resta continuar a esperar.