A Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (Prodouro) reivindicou hoje um pré-comunicado de vindima, que anualmente estipula a quantidade de vinho do Porto a produzir, com informação “completa e transparente” sobre a produção e o negócio.

O pedido foi feito ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e, para a Prodouro, “só com esta informação é possível tomar decisões rigorosas, nomeadamente sobre a quantidade de vinho do Porto a vinificar em 2022, o designado benefício”.

“A vindima de 2021 fez-se debaixo de chuva abençoada, mas manteve-se a desorientação do costume. Faltou-nos um pré-comunicado de vindima do IVDP capaz de esclarecer as últimas vindimas e preparar a que aí vinha", afirmou o presidente da Prodouro, Rui Soares, citado num comunicado divulgado hoje.

O valor do benefício, a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto, é fixado anualmente pelo Conselho Interprofissional do IVDP, por norma, no mês de julho. Para a vindima de 2021, o benefício foi de 104.000 pipas (550 litros cada).

Para a Prodouro, este anúncio no verão “peca por tardio”.

“Estranho a forma e o conteúdo com que este comunicado da Prodouro foi apresentado, porque todos estes dados têm sido partilhados de forma, eu diria permanente, com o setor através de uma 'newsletter', através do jornal IVDP Mais Próximo e também através de notas de imprensa que têm saído com uma certa regularidade”, afirmou à agência Lusa o presidente do instituto público, Gilberto Igrejas.

O responsável acrescentou ainda que existe “desde há um ano o compromisso do IVDP de fazer esta atualização num pré-comunicado de vindima”.

A reivindicação de uma “informação rigorosa e detalhada” sobre a produção e o negócio do vinho na Região Demarcada do Douro não é de hoje, mas, segundo Rui Soares, “nunca foi tão premente”.

“Vamos iniciar a discussão sobre o valor do benefício do vinho do Porto para 2022, no âmbito do Conselho Interprofissional do IVDP, e gostaríamos de usar os números para evitar posições demagógicas e atenuar divergências que em nada contribuem para o desenvolvimento da região”, salientou.

Rui Soares referiu que “a produção de vinho no Douro está a viver mudanças profundas” e apontou, como exemplo, a introdução, em 2020, da “obrigatoriedade de declaração ao IVDP do valor pago pela uva comprada para vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC) Douro, até então só exigida para as uvas do vinho do Porto”.

“Encontrar novas respostas para a viticultura do Douro passa por dispormos das estatísticas completas do negócio. Quanto vendemos? A quem? A que preço? Essa transparência permite a todos uma análise cuidadosa do comércio do vinho no Douro, sem dar azo a leituras oportunistas”, frisou Rui Soares.

Entre os dados estatísticos reivindicados pela Prodouro estão “a produção de uva e de vinho na região, dividida por sub-região e por freguesia, a evolução da área de vinha, incluindo a divisão por ‘letra’, que varia conforme a qualidade das uvas no caso do direito à produção de Vinho do Porto, e o preço da compra da uva (média, mediana, mínimo e máximo), igualmente por sub-região e freguesia e ainda por categoria de vinho (Porto ou DOC Douro)”.

“Nós no ano passado já tínhamos feito um ensaio do pré-comunicado de vindima”, acrescentou Gilberto Igrejas, que explicou que foi até aferida a informação que seria útil revelar e que o IVDP está a trabalhar nesses documentos.

Criada em 2015, a Prodouro conta hoje com 96 associados, entre viticultores independentes, produtores-engarrafadores e adegas cooperativas, abrangendo 5.075 hectares de vinha.



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