Os produtores de castanha da Terra Fria estão preocupados com a possibilidade de o fruto ser atacado pelo fungo da podridão, disse hoje à Lusa o presidente da Associação Agroflorestal e Ambiental Da Terra Fria Transmontana (Arbórea).
As chuvas das últimas semanas e a humidade inerente, às portas do período de floração, e a recriar o clima do ano passado na mesma altura, podem voltar a criar condições para que as quebras da campanha anterior possam voltar a acontecer. Vinhais reportou perdas superiores a 70% e em algumas zonas do concelho perda total, num 2023 que catalogou como trágico.
A floração está agora em curso e depois vem o vigamento, fases que se antecipam positivas. Mas é também nestas fases que se pode dar o desenvolvimento de um fungo, que cresce dentro do fruto juntamente com ele, deixando-o podre.
“Se não tivéssemos tido o problema da podridão da castanha no ano passado, agora não estaríamos minimamente preocupados. O setor até estaria mais ou menos satisfeito. Assim, temos uma preocupação acrescida porque as condições climatéricas estão a ser favoráveis para que o fenómeno se possa repetir”, explicou Abel Pereira.
E,d se isso acontecer, continuou Abel Pereira, pode ser muito complicado, não havendo condições para o fruto se conservar e chegar ao mercado: ”Pior do que não haver produção é ela não ter a qualidade que o mercado necessita”, considerou Abel Pereira.
Contudo, o representante da associação transmontana ressalva que, neste momento, esse cenário é apenas uma suposição.
“Não podemos já depreender que vai acontecer, até porque ainda vamos passar um verão. Estamos a falar numa previsão para outubro”, clarificou Abel Pereira.
Em termos de outros problemas que afetaram a fileira, como a seca e o consequente stress hídrico dos castanheiros, está nesta data “mais ou menos resolvido”, acrescentou o dirigente, estando as árvores equilibradas porque tem chovido e há humidade suficiente no ar.
Nos concelhos de Bragança e de Vinhais há cerca de cinco mil produtores de castanha. Por ano, dos dois concelhos saem 25 mil toneladas, que têm um impacto económico que ronda os 25 milhões de euros.
A apanha na região transmontana decorre, por norma, entre os dias 15 de setembro e 15 de novembro, sendo mais prolongada do que noutras zonas do país.