Adeus papel e caneta! Agora é com o dedo!\". A mensagem, escrita numa sala do hospital de Chaves, destinava-se a cerca de 171 formandos que, anteontem, terminaram a acção de formação sobre o programa Alert, um sistema de informatização pioneiro no país, que está a ser implementado no serviço de urgências desta unidade hospitalar, através da Agência da Inovação.

A formação incluiu médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares de diagnóstico e auxiliares de acção médica. E o seu objectivo foi o de todos estes agentes aprenderem a registar num computador as informações clínicas sobre os doentes que, até agora, registavam em papel. \"Quando o sistema estiver operativo, não haverá nenhum papel nas urgências\", garante o director do hospital, Francisco Taveira, ciente dos benefícios que esta revolução informática trará aos utentes e funcionários do hospital que dirige.

Entre outras vantagens, o novo sistema vai permitir, por exemplo, que, com um simples clique, um funcionário administrativo possa ter acesso a informações exactas sobre a localização do doente (a quem será colocada uma pulseira com código de barras): se está à espera de fazer análises, se está a fazer um raio X ou qualquer outro exame de diagnóstico. Informações que depois poderá transmitir aos familiares dos pacientes. Os dados disponíveis no sistema dependem da função da pessoa que as solicita. Um médico, por exemplo, acederá a informações sobre o doente que a um administrativo estarão vedados.

Entre outras funções, este sistema está ainda preparado para emitir \"alertas\", quer através de imagens intermitentes, quer mesmo através de sons, que vão informar sobre o tempo a que determinado doente está à espera que lhe seja feito um exame.

Francisco Taveira considera que o programa vai permitir também uma maior responsabilização dos agentes que estão em contacto com os doentes, uma vez que ficarão registados todos os actos praticados, bem como quem os executou ou pediu para executar.

\"Quando nos falaram no programa pela primeira vez, nunca pensei que seria posto em prática na minha geração\", desabafou a enfermeira directora, Emília Monteiro, \"impressionada\" com as potencialidades da tecnologia.

... e vai ser priorizdo

Além de estar a sofrer um processo de informatização, o serviço de urgências do Hospital de Chaves, que hoje receberá a visita do secretário de Estado da Saúde, Adão Silva, vai passar por outra transformação. Trata-se da introdução de um sistema de priorização, isto é, uma triagem a que os doentes vão ser sujeitos antes de ter acesso ao serviço de urgências. Esta medida já está em prática no Hospital de Santo António, no Porto, e no Amadora/Sinta. E, em breve, vai ser implementado em mais 16 hospitais do país.

A selecção dos doentes vai ser feita por médicos e enfermeiros, que, assim, avaliarão a gravidade dos doentes e os encaminharão para o serviço de urgências propriamente dito, ou para uma unidade básica de urgência, um espaço que irá ser criado num local próximo do serviço de urgências, para responder aos doentes menos graves.

\"O serviço de urgências não pode ser visto como uma loja de conveniência\", considerou o director do hospital de Chaves, durante uma conferência de imprensa, referindo-se ao \"recurso excessivo das urgências\", que, na sua opinião, é preciso combater.

A data de entrada em funcionamento deste novo sistema ainda não está definida. De momento, sabe-se apenas que irá ser criada uma comissão para a restruturação das urgências, da qual farão parte pessoas da sociedade civil. Uma das funções desta comissão será \"sensibilizar\" os utentes do hospital para esta transformação que irá sofrer o serviço de urgências.

\"No segredo dos deuses\" está ainda a forma de gestão que está reservada ao Hospital de Chaves, uma unidade que serve cerca de cem mil habitantes e emprega mais de 600 funcionários. Ou seja, se passará a ter uma gestão empresarial do tipo Sociedade Anónima, como já aconteceu a 31 hospitais do país, ou se se mantém no Sector Público de Administração. Ao que tudo indica, o secretário de Estado não revelará essa informação na visita que fará hoje ao hospital.

No âmbito da visita do governante à unidade hospitalar flaviense, um conselheiro da Junta da Galiza vai proferir uma conferência sobre a organização do serviço de saúde naquela região espanhola.



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