A empresa privada CMTI lançou com o Cybercentro de Bragança, associação com participação da câmara municipal, da Anacom e da Fundação para Divulgação das Tecnologias de Informação. Localvisão TV liga os 12 concelhos de Bragança, mas já gerou críticas dos media locais.
Foi ontem apresentado em Bragança um novo projecto de televisão local na Internet. Chama-se Localvisão TV e é uma iniciativa que parte da CMTI (Comunicação, Marketing e Tecnologias de Informação) em parceria com o Cybercentro de Bragança, uma associação com participação pública, nomeadamente da Câmara Municipal de Bragança, Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) e a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação (FDTI).
Este projecto é emitido pela Internet em www.localvisao.tv. Está a arrancar em Bragança \"por questões pessoais, porque sou natural daqui\", justifica Carlos Ramalho, o responsável da Localvisão TV, \"mas também porque é um concelho do País que mais sente os efeitos da interioridade e a nossa vontade é levar a actualidade regional a todo o mundo\", acrescenta.
No entanto, este é um projecto com dimensão nacional. \"São 308 canais autónomos para outros tantos concelhos\", adianta Carlos Ramalho. \"Já há outros preparados como é o caso da Guarda, Castelo Branco, Vila Real, Porto, Lisboa e Faro\", revela.
\"Sabendo que a Internet é acessível em todo o mundo, estamos a criar conteúdos para que todas as pessoas possam aceder a informação local que desta forma é internacionalizada\", salienta Mário Soares de Freitas, director adjunto do conselho de administração da Anacom.
Carlos Ramalho realça que Localvisão TV é uma televisão online, mas em formato IPTV, com canal aberto. \"A distribuição do sinal é feito pela Internet porque é mais fácil, não tem custos, vai mais longe.\" O responsável não quis revelar o montante investido neste projecto que já dá trabalho a nove profissionais.
Projecto que originou críticas
Foi justamente a união das entidades públicas a um privado que gerou polémica. Em Abril, todos os órgãos foram convidados pelo Cybercentro para agilizar parcerias de forma a criar um canal de TV local na Internet, dinamizando o estúdio de televisão que lá existe. No entanto, segundo os empresários locais da imprensa, os primeiros contactos encetados não tiveram continuidade, supostamente, porque pouco tempo depois surgiu a CMTI com o projecto da Localvisão TV, que acabou por vingar.
\"Deu-me a sensação que havia abertura para avançar com uma solução inédita, mas depois fomos confrontados com a existência de uma empresa desconhecida, havendo já um acto consumado, e isso levantou- -nos dúvidas\", refere Vítor Pereira, director do Jornal a Voz do Nordeste.
Outras dúvidas levantam-se, nomeadamente as relacionadas com as contrapartidas financeiras a dar ao Cybercentro pela utilização do espaço e dos meios técnicos. \"Presumo que uma empresa que ocupa 10 a 12 horas por dia um estúdio de gravação que é propriedade do Cybercentro deverá pagar-lhe um determinado montante, mas ninguém me esclareceu qual era o modelo de financiamento\", afirma João Campos, director do Jornal Nordeste.
Sem querer especificar, Nuno Cristóvão, vereador da Câmara Municipal de Bragança, diz apenas que \"há uma parceria em que estão estabelecidas as regras da contrapartida pela cedência daquele espaço, nomeadamente a projecção de eventos\".|