O projecto da Fundação Nadir Afonso vai mesmo ser elaborado por Siza Vieira, um dos mais (re)conhecidos arquitectos portugueses. No entanto, a sede da futura fundação já não vai ser construída no local onde estava prevista, nas imediações do Forte de São Francisco. Por «sugestão» de Siza Viera, o edifício deverá nascer nas Longras, na margem direita do rio Tamega. O arquitecto «exigiu» ainda que a área estimada da Fundação passasse dos dois mil para os dois mil e quinhentos metros quadrados.
A pretensão de vir a ser o arquitecto Siza Vieira a projectar a sede da Fundação Nadir Afonso foi uma das novidades que os sociais-democratas, quando chegaram à Câmara Municipal, introduziram neste projecto cultural que ainda foi idealizado pelos socialistas. Quando anunciou publicamente essa intenção, o presidente da Câmara de Chaves, João Batista, alegou que, dessa forma, a Fundação se transformaria num pólo de \"dupla atractividade\".
No entanto, nessa altura, o conhecido arquitecto ainda não tinha sido contactado. E, por isso, a intenção da Câmara não passava de um sonho. Sonho que se cumpriu na passada sexta-feira, com a vinda de Siza Vieira a Chaves para \"acertar\" alguns pormenores sobre a concepção da sede da fundação.
Depois de conhecer o caderno de encargos da obra apresentado pela Câmara, o arquitecto sugeriu logo uma alteração, isto é, que em vez dos dois mil metros quadrados previstos, o edifício passasse a ter dois mil e quinhentos.
A outra alteração proposta diz respeito à localização da fundação. A Câmara tinha escolhido um local nas imediações do Forte de São Francisco. No entanto, o espaço não agradou a Siza Vieira, que depois de uma «ronda» pela cidade, «optou» por um lugar si-tuado onde hoje estão as hortas das Longras, na margem direita do rio Tâmega, a duas centenas de metros a montante da ponte romana.
A Câmara não colocou quaisquer entraves, uma vez que aquela área, de propriedade privada, fazia parte da zona de intervenção do programa Polis, e, por isso, iria ser adquirida pela autarquia de qualquer forma, até porque era naquele espaço que o executivo tinha prevista a construção do novo complexo de piscinas cobertas.
Siza Vieira não foi o único a propor alterações ao caderno de encargos apresentado pela Câmara. O mestre Nadir Afonso também propÎs algumas mudanças, desde logo que fossem retirados do edifício os sectores que iriam ser destinados a ateliês/oficinas de artes plásticas. Alegadamente porque experiências semelhantes noutras fundações já terão «falhado» .
Feitas as «correcções», o futuro edifício deverá possuir cinco sectores: um destinado à exposição permanente de Nadir Afonso que, pelo menos, tenha espaço suficiente para acolher cem telas do mestre; outro destinado a exposições temporárias, com área equivalente ao sector de exposição permanente; um outro específico para convívio e conferências, incluindo, por isso, um auditório com capacidade para cem pessoas, um bar e uma biblioteca. Haverá ainda lugar para um sector administrativo de apoio e, no exterior, está prevista a existência de espaços para exposição e contemplação.
Com as alterações propostas, nomeadamente no que diz respeito à área de construção e à localização, o custo da Fundação deverá passar dos cerca de um milhão e 250 mil euros (250 mil contos) previstos inicialmente, para os cerca de dois milhões e meio de euros (500 mil contos). Apesar de ainda não existirem garantias, a obra deverá ser co-financiada pelo Ministério da Cultura.
Por ser uma iniciativa «importante», o presidente da Câmara de Chaves garante que esta será uma obra a que a autarquia dará «prioridade».