O Projeto Violentómetro, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), está desde hoje disponível à sociedade em geral através de uma plataforma ‘online’ para ajudar a medir e prevenir comportamentos de violência, em adolescentes e adultos.
O Programa de Intervenção no âmbito da Violência nas Relações Interpessoais (PREVINT), também conhecido por Projeto Violentómetro, espera "reforçar a intervenção no processo de consciencialização e sensibilização de adolescentes e adultos nas dinâmicas da violência nas relações interpessoais, em especial nas relações de intimidade e violência de género", explicou a universidade de Vila Real, em comunicado.
O ‘Aggression Lab', da UTAD, tem vindo a implementar desde 2016 nas escolas portuguesas o PREVINT, projeto até então em formato físico, em forma de régua, "desenhado especificamente para adolescentes entre os 12 e os 18 anos", e que já envolveu até ao momento cerca de 12 mil estudantes.
Agora disponível para todas as idades através de um sítio na Internet, com o nome PREVINT, esta plataforma ‘online’ dá acesso a um medidor visual - o Violentómetro -, dividido em três espetros com 10 níveis em cada, onde a intensidade da violência vai aumentando, apresentando alertas e até formas de pedir ajuda.
Os alertas fazem referência a situações como “piadas agressivas” ou “mentir e enganar”, e aumenta o grau de violência para atos como “ferir”' ou “empurrar”, até níveis como “forçar relações sexuais” ou a “morte”. Para o lançamento da plataforma foi ainda criado um vídeo explicativo.
"Compreendendo o modo como os processos de agressão funcionam é possível aumentar nas pessoas a capacidade de antecipar e/ou terminar de modo mais rápido e eficaz esses comportamentos, evitando-se a escalada dos mesmos", refere, citado no comunicado, Ricardo Barroso, decente e investigador da UTAD e responsável do projeto.
Sobre o projeto realizado nas escolas, o investigador realça que se forem explicados aos adolescentes "como funcionam tipicamente os comportamentos de agressão e violência, estes diminuem".
Ricardo Barroso lembra ainda que "vários estudos têm identificado que a violência física e psicológica se apresenta muitas vezes de forma dissimulada, como ciúmes e ameaças associadas, entre outras, sendo encaradas como toleráveis e percecionadas como normais".
"Muitos destes comportamentos decorrem de papéis de género transmitidos desde muito cedo, aprendidos e reforçados quotidianamente, e isso permite que, em nome do amor, se gerem situações de violência de diferentes tipos", alerta.
Assim, esta plataforma procura promover o desenvolvimento de competências de deteção de comportamentos considerados naturais no quotidiano e na sociedade, mas que são "agressões pessoais com impacto" e transmitir conhecimentos sobre "soluções práticas de resposta quando essas agressões ocorrem".
O PREVINT foi elaborado com financiamento de fundos europeus, do Portugal 2020, e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG).