O projeto Life Rupis, lançado há cerca de três anos por nove entidades ibéricas ligadas à conservação da natureza no Douro Internacional, apresenta resultados "positivos" nomeadamente no reforço da população de aves como a águia-perdigueira e o britango.

Em entrevista a agência Lusa, o coordenador do Life Rupis, Joaquim Teodósio, disse que o projeto entrou em "velocidade de cruzeiro" e que a maioria das ações já está "implementada no terreno e com resultados positivos e visíveis".

"Já há muito trabalho feito na gestão de 'habitats', de conhecimento das espécies ou da promoção do território. Quando estiver concluído, em 2019, estamos cientes de que o Life Rupis vai deixar no Douro Internacional raízes para um futuro mais sustentável, assegurando a proteção de espécies de aves rupícolas que estão ameaçadas", frisou o especialista em avifauna.

O Life Rupis está a decorrer em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda, e na área protegida de Arribes del Duero.

O projeto teve início em julho de 2015 e tem uma duração de quatro anos, estando dotado com um financiamento de 3,5 milhões de euros, comparticipado a 75% pelo programa LIFE da União Europeia e cabendo os restantes 25% aos nove parceiros envolvidos.

Os nove parceiros envolvidos neste projeto são a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Associação Transumância e Natureza, Palombar, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, Junta de Castilla y León, Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, Vulture Conservation Foundation, EDP Distribuição e GNR.

"As aves de presa necessitam da nossa ajuda. A abundância destas aves no Douro Internacional é uma exceção, uma vez que grande parte destas espécies está à beira da extinção em toda a Europa, embora aqui [Douro Internacional] também tenham os seus problemas que estamos a tentar solucionar", indicou Joaquim Teodósio nas suas declarações à agência Lusa.

Um dos aspetos apontados reporta-se aos acidentes com as linhas elétricas, que resultam em morte de aves, por colisão ou eletrocussão, condicionando a sobrevivências de juvenis e a ocupação de novos territórios de nidificação.

"O trabalho que temos feito em termos de seguimento do percurso das aves, com incidência na águia-perdigueira ou no número de territórios ocupados, tem aumentado gradualmente", indicou Joaquim Teodósio.

Acrescentou que se verifica que o número de britangos "tem estabilizado, sendo uma espécie que sofreu um grande decréscimo no século XX".

De acordo com os promotores do projeto, no território do Douro Internacional há cerca de 140 casais de britangos. No caso da águia perdigueira há 14 casais dispersos por várias áreas ocupadas que têm vindo a aumentar.

Segundo o especialista, o britango e a águia-perdigueira estão em perigo de extinção, tanto em Portugal como em Espanha.

"O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como 'em perigo' no território europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de 'habitat'", explicou. Já a água-perdigueira tem um estatuto de "quase ameaçada" na Europa.

Todas as ações no âmbito do projeto Life Rupis são desenvolvidas com a utilização de novas tecnologias, nomeadamente para seguir os movimentos das aves durante a sua migração para países como Mali, Mauritânia, Marrocos ou Senegal.

Entre várias outras ações destaca-se a alimentação artificial dirigida ao britango, baseada numa rede de alimentadores fixos e móveis, que irá permitir o aumento da disponibilidade de alimento perto dos locais de reprodução da espécie.

O abutre-preto e o milhafre-real são espécies também beneficiadas por este novo projeto.
Photo: António Monteiro & Bruno Berthémy



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