O projeto Língua Ler "reduziu o insucesso" na leitura entre as crianças de Santa Marta de Penaguião que integraram esta iniciativa da autarquia local e da Unidade de Dislexia da Universidade de Vila Real que hoje divulgou os resultados.

"O programa melhorou o desempenho de todas as crianças", afirmou hoje à agência Lusa Ana Paula Vale, responsável pela Unidade de Dislexia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

O projeto Língua Ler, que foi implementado junto das crianças do último ano do pré-escolar, incluiu a formação das educadoras e a aplicação do programa de desenvolvimento da linguagem "L F LÊ".

A iniciativa teve como objetivo detetar as crianças em risco de ter défice de desenvolvimento da linguagem e dislexia desde o pré-escolar e procurar respostas científicas para o seu combate.

Ana Paula Vale explicou que as crianças do grupo "L F LÊ" foram comparadas com os meninos que frequentaram o ano letivo anterior, da mesma escola, e concluiu-se que revelaram "competências significativamente melhores em aspetos essenciais para a aprendizagem da leitura e da escrita e, logo, para o sucesso escolar".

O programa melhorou o desempenho a nível, por exemplo, da consciência fonémica, da precisão na leitura das palavras, da rapidez na leitura de palavras e de acertos na escrita.

"No ano anterior à implementação do projeto havia 14 crianças com indicadores de dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita e, após o projeto, registamos zero meninos nessas condições", referiu.

Segundo a investigadora, estas crianças "começaram o primeiro ano com melhores níveis alfabéticos e aprenderam melhor e mais rápido".

O município e a Unidade de Dislexia são parceiros em dois projetos, o Língua Ler, que foi aplicado durante três anos e terminou em maio, e ainda o Ecos, que vai entrar no segundo de implementação.

Os resultados dos dois projetos foram apresentados hoje, na Escola EB 2/3 de Santa Marta de Penaguião.

O Ecos -- a escola constrói o futuro em Santa Marta - intervém junto dos alunos do primeiro ciclo do ensino básico mas envolve também a formação de todos os professores, com o intuito de preparar os docentes a detetarem, o mais cedo possível, as crianças que apresentam mais fragilidades ou dificuldades.

E, após um ano de implementação, Ana Paula Vale disse que o projeto aumentou "o número de alunos que conseguiram atingir a meta curricular em leitura de texto" e que as "crianças que participaram no Ecos melhoraram mais os seus níveis de leitura em um mês de intervenção do que nos quatro meses que lhe antecederam".

O presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, Luís Machado, mostrou-se muito satisfeito com os resultados dos projetos.

"Os resultados são excelentes. Percebemos que tínhamos muitas crianças com dificuldades de aprendizagem e, em termos de resultado final, é evidente a melhoria da capacidade e das competências das nossas crianças", frisou.

O autarca quer que o projeto "Língua Ler" continue e disse estar convencido que se vai estender a outros municípios.

A Unidade de Dislexia da UTAD procura respostas para combater esta síndrome e soluções para a redução dos seus impactos.

A dislexia leva a que os indivíduos sejam mais lentos na leitura, deem muitos erros ortográficos e não gostem de escrever, criando limitações e dificuldades nas aprendizagens.



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