O projeto Mont'Alegre plantou a vinha mais alta de Portugal, a 1.075 metros, estagia os vinhos em altitude, em Montalegre, e está a apostar na exportação para a América do Norte e o Canadá.

O enólogo Francisco Gonçalves disse que a vinha plantada em Montalegre, no distrito de Vila Real, é a "mais alta de Portugal" e considerou que se trata de um "passo gigantesco na viticultura nacional".

O responsável, que falava à agência Lusa em Boston, durante uma missão empresarial impulsionada pelo projeto "Norte -- com um pé dentro...", explicou que a primeira vinha do projeto tem dois hectares e disse prever que a primeira vindima seja feita em 2020.

Montalegre nunca foi uma área de vinha. Ali neva muito e há também muitas geadas, mas Francisco Gonçalves acredita que as alterações climáticas que se estão a verificar criam condições para o crescimento das videiras e para a produção de vinhos diferentes.

"É uma vinha pensada para esse fim. A área foi selecionada, a própria terra, a exposição e as castas, maioritariamente brancas", frisou.

Francisco Gonçalves referiu que, neste momento, os vinhos Mont'Alegre são produzidos de uvas compradas nas zonas de Chaves e do planalto mirandês, sub-regiões de Trás-os-Montes.

O enólogo faz o acompanhamento da vinha, vinifica no local de origem e, depois, leva o vinho para estagiar "em altitude" na adega construída em Montalegre.

São "pormenores" como este que, na sua opinião, diferenciam os vinhos.

"Nós preservamos o caráter da região, da vinha, a mineralidade e a frescura. Depois, o facto da oxigenação ser menor em altitude, a pressão atmosférica e as temperaturas baixas fazem com que o vinho adquira características diferenciadoras", explicou.

As diferenças são a "nível aromático", dos vinhos "mais elegantes" e "mais frescos".

Natural de Montalegre, Francisco Gonçalves deixou uma empresa ligada ao setor do Vinho do Porto, onde trabalhou durante 15 anos, e quis apostar na terra natal, desenvolvendo o projeto em conjunto com o irmão, Paulo Gonçalves, desde 2015.

"É um projeto de vinhos em Trás-os-Montes, na nossa terra Natal e onde efetivamente não existe vinho", frisou.

O projeto é complementado com uma unidade de turismo rural, a Casa da Avó Chiquinha, onde também associam o vinho à gastronomia.

A estratégia passa, agora, por um aumento da produção, para as 85 mil garrafas, e pela internacionalização.

As vendas são feitas maioritariamente em Portugal, mas também no Brasil, Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Alemanha, França, Suíça e Croácia.

E é para impulsionar as vendas para os EUA e o Canadá que o projeto de vinhos de Montalegre integra a missão empresarial, que, depois de passar por Nova Iorque e Boston, segue viagem para Toronto.

O "Norte - com um pé dentro..." está a ser desenvolvido pela Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR), com sede em Vila Real.



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