A EDP implementou um projeto-piloto e pioneiro que conjuga energia fotovoltaica e hídrica, num investimento de 450 mil euros que consistiu na instalação de 840 painéis solares flutuantes na albufeira da barragem do Alto Rabagão, em Montalegre.
"É um projeto pioneiro a nível europeu porque é a primeira vez que conjugamos energia fotovoltaica flutuante com a geração hídrica, neste caso a albufeira do Alto Rabagão, uma central que foi construída em 1964. Nesse aspeto é pioneiro na Europa e um dos primeiros no mundo", afirmou o diretor do projeto, Miguel Patena, durante uma visita ao local.
Desta forma verifica-se, segundo a EDP, uma "complementaridade natural e virtuosa entre as energias hidroelétrica e solar: há mais sol quando há menos chuva e vice-versa".
"Nós queremos demonstrar que é possível com esta solução otimizar o recurso solar e o recurso hídrico", sublinhou o responsável.
Paulo Pinto, gestor do projeto, reforçou que este projeto fotovoltaico distingue-se dos outros porque se trata da colocação de painéis sobre uma superfície de água, a que foi designado "fotovoltaico flutuante".
"Depois há outro aspeto que ainda é mais pioneiro porque esta instalação aproveita a infraestrutura existente de uma central hidroelétrica", sustentou.
Na albufeira do Alto Rabagão, no distrito de Vila Real, foram instalados 840 painéis, numa espécie de jangada e com uma potência de 220 quilovolts (KW), e aproveitou-se a infraestrutura já existente na barragem, como os transformadores, os quadros elétricos e a linha de escoamento de energia.
As centrais hidroelétricas dispõem de uma ligação à rede elétrica que não é utilizada a 100% .
Trata-se de uma experiência, que vai ser estudada ao longo de um ano, percorrendo todas as estações. A EDP quer estudar a viabilidade económica desta solução que está já a produzir energia desde novembro.
"Este projeto a esta escala ainda não é viável. A nossa expectativa é estudar o funcionamento, a exploração e os resultados de exploração desta solução e, com uma escala maior, chegar a valores concorrentes com as soluções tradicionais em terra", referiu.
Segundo frisou, as vantagens deste projeto são também de ordem ambiental. O espelho de água já existe, os painéis flutuantes não competem com terrenos utilizados para outros fins, não é preciso desmatar terrenos. Para além disso, em água os painéis podem-se desmontar rapidamente "sem deixar vestígios" e, portanto, "a pegada é nula".
Depois, acrescentou, é ainda aproveitada uma infraestrutura existente, logo não é preciso instalar uma nova linha de escoamento de energia com o inerente impacto ambiental e o custo associado, não só económico como ambiental".
"Tem todos os ingredientes para dar certo, uma solução deste tipo", salientou.
O projeto é uma parceria entre a EDP Produção, a EDP Distribuição e a EDP renováveis e o investimento foi suportado pela empresa.
No entanto, o custo de 450 mil euros está, segundo o responsável, "muito acima das soluções tradicionais", em terra.
"Porque a albufeira tem 60 metros de profundidade no leito do rio e tem uma oscilação de 30 metros, isso tudo conjugado obriga a uma solução técnica que é dispendiosa", explicou.
A albufeira pode atingir os 30 metros de variação entre o nível pleno e o nível mais baixo.
Agora, acrescentou Miguel Patena, esta solução técnica tem que ser otimizada e terá que ganhar escala.
"Para já, esta instalação está a vender energia ao abrigo do regime de autoconsumo (...), como unidade de pequena produção, ajuda-nos a viabilizar parte do projeto, mas obviamente precisa de escala para competir com soluções tradicionais", sublinhou.
Se este projeto de complementaridade solar-hidroelétrica funcionar e for viável, a EDP poderá replicá-lo em outras barragens.