A Palombar, através do projeto Sentinelas que tem por objetivo salvaguardar os grifos 'Gyps fulvus', apresentou uma dezena de denúncias à GNR sobre a utilização ilegal de venenos em espécies da avifauna que estão a ser investigadas.

“O projeto Sentinelas tem sido fundamental para as ameaças à avifauna silvestre. Desde o início do projeto em 2019 já fizemos 10 denúncias ao SEPNA-GNR devido à perseguição ilegal e envenenamento de espécies rupícolas como grifo e que estão a ser investigados pelo Ministério Público”, disse hoje à Lusa o biólogo da Palombar, João Santos.

A informação foi divulgada depois da devolução ao seu habitat de um grifo e de um milhafre-real 'Milvus milvus' no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) no concelho de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, que foram recuperados no Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

As aves foram equipadas com emissor GPS e receberão anilhas de PVC e metálicas, de forma a permitir a sua monitorização futura.

“Até hoje já foram marcados 22 grifos e o primeiro milhafre real com sistema GPS para seguir o movimento destas aves após terem sido devolvidas ao seu meio natural para melhor perceber o dia desta espécie, os seus movimento e disponibilidade de alimento no campo”, concretizou o especialista em avifauna.

O projeto Sentinelas da Palombar foi criado em 2019, com a aprovação pelo Fundo Ambiental – Ministério do Ambiente e da Transição Energética, com o objetivo de acompanhar e marcar o seguimento de grifos 'Gyps fulvus', como ferramenta de combate ao uso ilegal de venenos em Portugal", tendo sido desenvolvido em parceria com a Universidade de Oviedo.

Em setembro de 2020, a mesma entidade financiadora aprovou outro projeto da organização, com aquele mesmo parceiro, denominado "Avaliação da Vulnerabilidade da Fauna Silvestre ao Uso Ilegal de Venenos e Reforço da Rede de Sentinelas contra o furtivismo", o qual veio reforçar e integrar o projeto Sentinelas para criar uma Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre.

“A maior parte dos grifos são capturados e marcados no terreno e numa parceria com Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro perceber como estes indivíduos reabilitados, ao serem novamente integrados no meio natural como é que vão reagir e adaptar-se”, frisou João Santos.

Por seu lado, Luís Sousa, médico veterinário do Centro de Recuperação de Animais Selvagens, explicou que estas duas aves têm histórias completamente distintas em comum o facto de serem libertadas em simultâneo no PNDI.

“O grifo foi encontrado na área do PNDI com várias lesões nos membros e coluna vertebral em setembro de 2019, e ao longo deste tempo foram feitos exames de diagnóstico e tratamento, onde foi edificada uma grave lesão que foi tratada nos últimos três anos e agora devolvido à natureza”, disse o veterinário.

De acordo com Luís Sousa, o milhafre-real foi resgatado de um poço em Macedo de Cavaleiros porque alguém o viu e alertou o SPENA-GNR e foi recuperado em três semanas.

O projeto Sentinelas é ainda complementado para avaliar outras ameaças para as aves necrófagas, como a mortalidade em linhas elétricas ou parque eólicos e obter informação sobre a disponibilidade de alimento no campo para esta espécie, sobretudo cadáveres de outros animais e evitar riscos de saúde pública  

Além disto, poderá ser obtida informação adicional sobre potenciais “conflitos” entre as atividades humanas tradicionais, como a caça ou pecuária e predadores de nas zonas de implantação do projeto.

Francisco Pinto (texto e fotos), da agência Lusa



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