A prospeção e exploração de volfrâmio, quartzo, feldspato ou lítio estão a provocar grandes preocupações entre população, associações e autarcas de várias localidades do Norte do distrito de Vila Real que se posicionam contra as minas.

Recentemente, as minas do Barroso, em Boticas, e do Romano, em Montalegre, obtiveram uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, embora condicionada, um passo obrigatório para a exploração, mas há outros projetos mineiros em curso na região que estão a levantar preocupações.

Quatro associações emitiram no final da semana passada um comunicado conjunto em que alertam para os trabalhos de perfuração e sondagem para mineração em curso desde setembro no local da Brecha de Santa Helena, na aldeia de Caniçó, na freguesia de Salto, concelho de Montalegre.

“Acontece que toda esta atividade se desenvolve num terreno que o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) classificou como muito poluído, num estudo publicado em 2015 e que se mantém atual pois nada foi feito para resolver a situação”, afirmou o coletivo.

As subscritoras do comunicado são as associações Povo e Natureza do Barroso (PNB), a Íris, BioN - Biodiversidade do Norte de Portugal e a Unidos pela Natureza (Couto de Dornelas), que referiram que “tal grau de poluição, principalmente metais pesados com elevada toxicidade, é resultante de depósitos de material (escombreiras) proveniente de mineração antiga (de volfrâmio) nas minas da Borralha”, onde a área está inserida.

“Não só os trabalhadores estão sujeitos a riscos elevados de exposição como também está a população da vizinhança, devido ao transporte de partículas pelo ar. Existem casas de habitação a menos de 50 metros e as pessoas correm riscos elevados de inalação e contacto com poeiras contaminadas”, destacaram.

Em consequência, a associação PNB fez uma denúncia a várias instituições públicas, desde a delegação de saúde ao Ministério da Saúde, Proteção Civil, Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Território e Câmara de Montalegre, mas salientou que “ainda nenhuma autoridade (com exceção da GNR) se dirigiu ao local para se inteirar do que se está a passar ou exerceu qualquer ação consequente”.

Já em Cervos, também em Montalegre, a junta de freguesia fez saber que as “máquinas já estão a trabalhar na concessão mineira do Alto do Forcato”,onde se quer explorar quartzo e feldspato a céu aberto.

O presidente daquela junta, Rui Moura Rodrigues, disse hoje à Lusa que a empresa concessionária informou estar a recolher amostras para análise, o que irá condicionar a instalação de uma central de trituração e unidade industrial.

A área da concessão é de 25 hectares, pelo que, segundo o autarca, o projeto não implicou um Estudo de Impacte Ambiental (EIA), no entanto, Rui Moura Rodrigues disse temer que a concessão possa vir a ser ampliada ou até alterado o minério a explorar, à semelhança do que aconteceu noutros projetos.

O presidente disse que a junta é “completamente contra todas as formas de exploração mineira” e apelou aos proprietários para que não vendam terrenos à empresa concessionária, apontando como principais preocupações as ambientais e as captações de água para abastecimento público.

Em Chaves e Valpaços prosseguem as ações de esclarecimento pelas diversas localidades e a prospeção de lítio na área da concessão Mariola. A última sessão decorreu na segunda-feira, em Santo António de Monforte (Chaves).

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, afirmou que o município deu um parecer negativo ao pedido de prospeção e pesquisa Mariola, apontando para as duas pronúncias aprovadas pelo executivo em 2019 e 2021.

Nessas pronúncias são destacados aspetos como a “amplitude da intervenção pretendida e a ausência de estudos técnicos sobre a matéria”, destacando-se que “o lítio é tendencialmente incompatível com o recurso estratégico ‘água’, fundamental para a promoção e a afirmação do território do Alto Tâmega”.

Em outubro, a Câmara de Valpaços emitiu um comunicado em que revela ser contra o projeto de lítio proposto e apelou aos proprietários para que não aceitem negociar a exploração de minerais nas suas propriedades com a empresa concessionária.



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