Associações empresariais do Douro e Trás-os-Montes reivindicam ao Governo preços acessíveis e competitivos nas portagens da nova Autoestrada do Marão, que deverá ligar Amarante a Vila Real a partir de abril.

O presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Ramalho, já afirmou que a proposta de portagem para os cerca de 26 quilómetros da Autoestrada do Marão ronda os dois euros (classe 1), um valor que disse ser "substancialmente mais baixo" do previsto inicialmente, que era de três euros, e possível por causa do financiamento comunitário da empreitada.

Os valores a cobrar serão fixados pelo Governo e, até ao momento, ainda não foram anunciados.

Desde o início que o projeto desta autoestrada prevê o pagamento de portagens, no entanto, numa região onde as empresas e utentes se queixam de pagar as portagens "mais caras do país" na A24 (Viseu, Vila Real, Chaves), reivindicam-se agora "valores mais acessíveis e competitivos" para a nova via.

O presidente da Associação Empresarial de Vila Real, Luís Tão, lembrou que esta "foi anunciada como a autoestrada da justiça para a região transmontana".

Agora, na sua opinião, para que essa justiça "fosse real" as portagens teriam que "ser zero" pelo período correspondente ao atraso que existe neste território.

"Dever-se-ia avaliar o atraso desta região e se avaliássemos que 30 anos é o valor do atraso, nós durante esses 30 anos não devíamos ter de pagar portagens", sustentou.

Não sendo possível, Luís Tão defendeu que os preços a cobrar devem "ser competitivos".

"Neste momento, vemos que é tudo a encarecer os custos de produção e, se os conseguirmos baixar, mais concorrenciais e competitivos serão os nossos produtos e as nossas empresas", afirmou à agência Lusa.

Em Trás-os-Montes e no Douro, os principais produtos exportadores são o granito e os vinhos.

A Associação dos Industriais do Granito (AIGRA), com sede em Vila Pouca de Aguiar, também se associa à reivindicação por preços acessíveis para a nova autoestrada.

O presidente da associação, Domingos Ribeiro, referiu que há muito granito a ser exportado pelo porto de Leixões e que, por isso, a Autoestrada do Marão que liga à A4, em Amarante, é mais uma opção para as empresas.

"É óbvio que qualquer novo custo vai influenciar. Neste momento, os custos já são tantos, entre combustíveis e portagens, que as contas são feitas encomenda a encomenda, porque está sempre tudo a mudar", frisou o empresário.

No entanto, segundo referiu, há outras contas que têm que ser feitas, como ao combustível que as viaturas pesadas gastam nas subidas da serra do Marão, pelo Itinerário Principal 4 (IP4), o desgaste da viatura e o tempo da viagem.

Nessa soma, a viagem pelo túnel que rasga a serra poderá ficar "mais em conta", mas, na sua opinião, tudo dependerá do preço da portagem.

Atualmente, ainda há muitas empresas de vinhos do Douro que optam por fazer os transportes pela sinuosa estrada nacional que liga Peso da Régua a Mesão Frio e Amarante.

António Saraiva, da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), salientou que, com a nova via e se o custo for competitivo, muitas empresas poderão optar por esta autoestrada.

"Trata-se de uma obra muito importante", frisou António Saraiva.
Lusa. Foto: Custódio Dias



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