O Ministério Público pede sete anos de prisão para Manuel Augusto «Podence», o proprietário da discoteca «Top Model» que anteontem começou a ser julgado por diversos crimes de lenocínio, coacção e auxílio à imigração ilegal.

Para Klébia, a companheira de Manuel \\"Podence\\", que é co-arguida no processo, o MP pede dois anos e meios de prisão.

Na segunda sessão do julgamento foi ouvida uma testemunha de acusação e começaram a ser ouvidas as oito testemunhas de defesa, entre as quais algumas jovens que trabalhavam no bar de alterne.
Durante a sessão de ontem, um cliente da casa de alterne confirmou ter sido aliciado pelas brasileiras que trabalhavam na discoteca. Segundo a testemunha, as mulheres pediam 35 euros para manter relações sexuais com os clientes, numa vivenda que o empresário da noite tinha arrendado no bairro do Campo Redondo. Segundo a acusação era aqui que as jovens residiam e onde mantinham relações sexuais com os clientes.

A primeira testemunha de defesa a ser ouvida foi uma brasileira de 19 anos que trabalhou na Top Model durante quinze dias. A jovem garantiu que Manuel \\"Podence\\" não lhe tirou o passaporte e que no interior do bar não havia qualquer quarto para a prática de relações sexuais. A mulher, de nome artístico \\"Bruna\\", afirmou que a sua única função era beber com os clientes e fazer shows de strip-tease, recebendo comissão pelas bebidas consumidas.

Nestas actividades, a jovem disse ter ganho 600 euros em quinze dias, totalmente pagos pelos clientes, que enviou de imediato para a família no Brasil. O MP, contudo, duvida das contas, já que nas folhas onde o responsável pela caixa do bar anotava as comissões das jovens, os lucros das bebidas e strip-tease não atingiam os 600 euros.

O tribunal quis saber como é que Bruna conseguiu arranjar o dinheiro, mas a testemunha não soube responder. Acresce que as mesmas folhas faziam referência às saídas das jovens com os clientes em cada noite e aos lucros obtidos a partir dessas saídas.

Uma mulher de nacionalidade portuguesa, natural de Torre de Moncorvo, que trabalhava como empregada de bar na Top Model, garantiu que Manuel Podence nunca ficava com os passaportes das jovens brasileiras, contrariando os depoimentos prestados anteontem pelas testemunhas de acusação.
A sessão ficou, ainda, marcada por uma série de depoimentos de familiares de Manuel Podence, que deram a conhecer ao tribunal a vida difícil do empresário da noite. Após a morte dos pais, o arguido começou a trabalhar para sustentar as irmãs, o que o impediu de ter uma juventude normal. Depois emigrou para França, num percurso que os familiares consideram muito difícil.

Manuel Podence encontra-se em prisão preventiva desde essa altura. A data da leitura do acórdão ainda não é conhecida.



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