O período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da Mina do Barroso, prevista para Boticas, distrito de Vila Real, foi prorrogado até 16 de julho, informou hoje a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

A consulta pública no âmbito do procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) do projeto de ampliação da Mina do Barroso começou a 22 de abril e estava inicialmente prevista até ao dia 02 de junho, tendo sido, agora, prorrogada por mais 30 dias, até 16 de julho.

A Mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso, e o projeto está a ser promovido pela empresa Savannah Lithium, Lda, que prevê uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.

Este adiamento vai ao encontro do pedido feito pelo presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, que disse que o prazo inicial era pouco para “analisar tantos documentos” e “documentos tão confusos”.

“Ficamos satisfeitos, porque esta prorrogação dá-nos mais 30 dias para analisar a documentação e porque queremos fazer uma contestação bem fundamentada. Cada vez que lemos mais documentos mais convencidos ficamos de que a razão está do nosso lado”, afirmou à agência Lusa o autarca que se opõe à mina de lítio.

Fernando Queiroga considerou ser “humanamente impossível analisar os documentos todos” no período inicialmente previsto e referiu que, agora, “já é possível, com mais pormenor, decompor e contestar o EIA”.

O presidente reafirmou que o EIA “tem muitas inverdades, tem dados incorretos e não contempla estudos e dados fundamentais”, nomeadamente “os caudais que vão prejudicar até a produção de energia hídrica dos seis municípios” do Alto Tâmega, bem como a “questão do atravessamento das vias municipais” e o impacte resultante do aumento de tráfego pesado.

“São questões que não são tidas em conta”, referiu.

No âmbito da consulta pública foram submetidas, até ao momento, 63 participações via Portal Participa.

A APA promoveu na semana passada, em Boticas, uma sessão de esclarecimentos sobre o projeto da Mina do Barroso, aproveitada pela população para se manifestar com bombos, palavras de ordem e cartazes onde se podia ler: “Covas do Barroso Património Agrícola Mundial diz não à mina”, “Verde é o Barroso”, “Não queremos minas na nossa terra” e “Matos Fernandes [ministro do Ambiente] coveiro do Barroso”.

Traziam também muitas enxadas, sachos e sacholas, ferramentas de trabalho dos agricultores que residem neste território que vive essencialmente do campo e que é, desde 2018, Património Agrícola Mundial.

A Savannah tem dito que teve como prioridade desenvolver para a Mina do Barroso um projeto que permita assegurar que os impactes serão de “baixa incidência” ou “mesmo eliminados”.

Segundo a empresa, o investimento “resultará em significativos benefícios económicos, sociais e demográficos, de longo prazo, como o investimento de cerca de 110 milhões de investimento para desenvolvimento e construção de infraestruturas locais, e a criação de 215 empregos diretos e entre 500 a 600 indiretos”.

O projeto tem como foco principal a produção de concentrado de espodumena, para posterior alimentação de estabelecimentos mineralúrgicos de processamento de lítio, tendo como subprodutos o feldspato e quartzo para alimentar a indústria cerâmica e vidreira, e prevê a instalação de um estabelecimento industrial (lavaria).



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