A Comissão Distrital da Proteção Civil de Bragança quer que se faça o controlo sanitário nas fronteiras e que o exército ajude a reforçar a fiscalização, entre várias medidas decididas hoje numa reunião.

As diversas entidades que fazem parte da comissão reuniram-se para analisar o evoluir da pandemia de Covid-19 e manifestaram como principais preocupações a falta de controlo sanitário nas fronteiras e relativamente aos que se deslocam, tanto do estrangeiro como de outras zonas de Portugal, para as aldeias da região.

Desde o fecho das fronteiras, na segunda-feira, que o distrito de Bragança tem apenas um ponto de passagem na fronteira de Quintanilha, em Bragança, onde estão as forças de segurança, mas não é feito qualquer teste de saúde a quem entra no país.

“Estamos a receber gente de todo o lado, era importante que houvesse controlo e despistagem dos que podem trazer o vírus”, disse à Lusa o presidente da Comissão, Francisco Guimarães.

O distrito de Bragança tem vários outros pontos de fronteira fechados, mas a Proteção Civil tem conhecimento de casos que contornam as barreiras físicas colocadas nestes locais.

Para evitar estas situações, a Comissão pede ao Governo “vigilância permanente 24 horas nas fronteiras que se encontram fechadas”.

O presidente da Comissão confirmou à Lusa que têm entrado muitos emigrantes por estes dias, que regressam ao país, porque as empresas estão a fechar, nomeadamente em França.

As matrículas estrangeiras em maior número são, no entanto, da Bélgica, de emigrantes que não são desta região, mas que entram em Portugal por Quintanilha para chegarem a outras zonas do país.

Francisco Guimarães reforçou hoje um apelo a todos que estão a regressar ao Nordeste Transmontano, seja de outros países ou de outras zonas, nomeadamente do litoral português, para que pensem na população envelhecida desta região, mais vulnerável ao novo coronavírus.

O presidente da Comissão, e também autarca de Mogadouro, sublinhou que as entidades não estar “a pedir [às pessoas] que não venham, mas que fiquem em casa, que se mantenham em quarentena, que pensem que têm de proteger” aqueles que já estão na região.

“Esta é a parte pior que temos neste momento. Nas aldeias, a população é idosa, já somos tão poucos que, se não houver cuidado por parte dos que estão a regressar, isto é para dizimar tudo”, alertou.

A reunião de hoje da Comissão juntou os 12 Presidentes das câmaras do distrito, a Guarda Nacional Republicana (GNR), a Polícia de Segurança Pública (PSP), o Serviço de Estrangeiros e Fronteira (SEF) a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Segurança Social.

Na reunião foi ainda decidido “solicitar aos órgãos de Comunicação Social e rádios locais a divulgação do spot ‘Fique em casa’, segundo informação divulgada em comunicado.

A comissão revela ainda que, para acompanhar a evolução da doença, foi constituída uma subcomissão distrital em monitorização diária permanente, com sede nas instalações do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Bragança.

Esta subcomissão é composta pela DGS, GNR, PSP, SEF, Segurança Social Distrital e CDOS de Bragança.

A Comissão Distrital de Proteção Civil apela mais uma vez a todos para se protegerem, ficando em casa e cumprindo as recomendações do Governo e da DGS.

No distrito de Bragança há sete casos confirmados de Covid-19.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.

O número de mortos no país subiu para quatro.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje até às 23:59 de 02 de abril, segundo o decreto publicado quarta-feira em Diário da República, que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório compulsivo dos cidadãos em casa e restrições à circulação na via pública, a não ser que tenham justificação.



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