Os agricultores de Bragança vão ter uma \"loja do cidadão\" para a lavoura num espaço baptizado de \"Casa do Lavrador\", que acolherá as diversas associações agrícolas do concelho, anunciou hoje fonte autárquica.
A promotora deste empreendimento, orçado em 850 mil euros, é a Câmara de Bragança, que assinou hoje protocolos com nove associações do sector para a cedência de instalações no novo edifício.
Estas associações passam a partilhar a \"Casa do Lavrador\", comparticipando apenas nas despesas de manutenção do edifício, segundo explicou o presidente da Câmara, Jorge Nunes.
\"Os agricultores são os principais beneficiados porque passam a dispor de uma espécie de loja do cidadão, onde encontram as várias associações com as quais tratam uma variedade significativa de problemas, desde a formação aos subsídios ou informação\", afirmou.
A inauguração está marcada para 21 de Agosto, o dia que o município dedica aos agricultores e em que o novo edifício abrirá as portas, oferecendo ainda espaços para venda de produtos regionais, um restaurante e um auditório.
O autarca explicou que \"o objectivo da Câmara, com este espaço, não é recuperar investimento, nem sequer cobrir as despesas de funcionamento, mas estimular o sector agrícola\".
\"Achamos que com este investimento e com a actividade aqui gerada se presta um serviço social à agricultura do nosso concelho e também ao país, porque se os agricultores da nossa região se mantiverem na actividade há uma maior garantia de preservação da qualidade ambiental e paisagística e de que os fogos não progridem com tanta facilidade\", declarou.
Para Jorge Nunes, \"apesar das dificuldades que os agricultores das zonas interiores do país enfrentam, e de não constarem praticamente no discurso político a nível nacional, é inquestionável que a agricultura tradicional não vai acabar e é também um sustentáculo da actividade económica\".
\"Há uma década, as associações não tinham praticamente técnicos, hoje não há nenhuma que não se faça acompanhar dos seus técnicos, e é com esta realidade nova que nós pensamos que a agricultura também vai rejuvenescer e dar mais um salto no sentido de assegurar a presença da actividade humana no espaço rural\", considerou.
O investimento da autarquia é também motivo de expectativa para as associações agrícolas, mas, na opinião de Mário Pereira, da Associação Norte Agrícola, só com \"boa-vontade do poder central\" será possível resolver o principal problema, que é o da colocação dos produtos regionais no mercado.
\"Vamos fazendo agricultura de qualidade, mas sem possibilidade de concorrer com outros produtos que nos aparecem diariamente no mercado\", afirmou.
Com a \"Casa do Lavrador\" e o matadouro municipal, em funcionamento há já alguns anos, o presidente da Câmara disse ter concretizado já dois de três compromissos assumidos com a lavoura do concelho.
Segundo disse, falta agora o mercado de gado e \"touródromo\", que se encontra em fase de estudo prévio e que, além de acabar com a deslocação dos produtores a outras feiras da região, vai criar um espaço próprio para a realização das tradicionais lutas de touros.
Este projecto ainda não tem data para execução nem orçamento definido, existindo apenas um local para a sua implantação, que o autarca não revelou.